9 de novembro de 2004
BNDES financia a construção da plataforma petrolífera P-52
· Operação é de US$ 378 milhões para bens e serviços nacionais
· Plataforma da Petrobras terá custo total de US$ 895 milhões
· Obra será realizada pelo estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento para construção de uma plataforma semi-submersível para produção de petróleo e gás natural (P-52), no valor de US$ 378 milhões, limitado estritamente aos gastos com bens e serviços nacionais, a serem desembolsados em até 36 meses.
A operação foi aprovada no âmbito da Linha de Apoio à Exportação Pós-Embarque, na modalidade buyer's credit (financiamento ao importador), à empresa Petrobras Netherlands B. V., subsidiária da Petrobras na Holanda, cujo principal objetivo é desenvolver atividades de compra, venda, arrendamento, aluguel e afretamento de embarcações e equipamentos para exploração e produção de petróleo.
Atualmente, a Petrobras Netherlands BV possui quatro embarcações arrendadas para a Petrobras – as plataformas de produção P-8, P-15 e P-32, e o navio-plataforma FSO P-47, que está sendo adaptado para receber a produção dos poços e separar petróleo, gás e água, armazenando o petróleo, enviando o gás à terra via gasoduto e devolvendo ao mar a água tratada.
Concorrência – Em setembro de 2003, a Petrobras informou que a licitação para construir a P-52 fora vencida pelo consórcio formado pelas empresas Fels Setal S/A (75%) e Technip Engenharia S/A (25%). As duas empresas constituíram em Cingapura a joint-venture FSTP Pte. Ltd., que em dezembro de 2003 firmou com a Petrobras Netherlands BV o contrato de construção da plataforma marítima.
A Fels Setal S/A foi criada em março de 2000, a partir de uma joint-venture entre a Keppel Fels, da Cingapura, com 60%, e a Pem Setal, do Brasil, com 40%. O grupo Keppel é um dos líderes internacionais na construção de plataformas e equipamentos off-shore (marítimos) para a indústria de petróleo e gás, já tendo projetado e construído mais de 250 navios e plataformas de diversos tipos e funções. Já o grupo Pem Setal é composto de seis empresas, que atuam nos setores de química e petroquímica, exploração e produção de óleo e gás, siderurgia, mineração, papel e celulose, transportes metroviários, telecomunicações e negócios ligados à infra-estrutura pública e privada.
Subcontratação – No Brasil, a Fels Setal S/A e a Technip Engenharia S/A (subsidiária do grupo francês Technip S/A) formaram a FSTP Brasil Ltda., que será responsável pela construção e montagem do topside (parte principal da plataforma, que inclui acomodações de pessoal, unidades de processamento de produção, sistemas de ancoragem e estabilidade, além dos módulos de geração de energia e compressão de gás e outros equipamentos).
A empresa FSTP Brasil Ltda. fará a exportação da P-52 para a joint-venture FSTP Pte. Ltd., que depois entregará a plataforma à Petrobras Netherlands BV. Ou seja, a FSTP Brasil será subcontratada pela FSTP de Cingapura e receberá os recursos do BNDES, por conta e ordem de sua subsidiária holandesa Petrobras Netherlands BV, que então arrendará a plataforma P-52 à Petrobras para operar na Bacia de Campos.
A plataforma P-52 terá custo total de US$ 895 milhões, dos quais US$ 758 milhões referem-se à construção e montagem, com US$ 137 milhões reservados aos módulos de geração elétrica e compressão de gás, que serão fornecidos pela Petrobras Netherlands BV para serem incorporados à plataforma.
Bens nacionais – No caso do financiamento de US$ 378 milhões, serão considerados bens nacionais as máquinas, equipamentos e materiais que atinjam, no mínimo, 60% de índice de nacionalização, de acordo com os critérios utilizados pela Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), do BNDES, excluídos todos os impostos, exceto o de importação.
O topside da plataforma P-52 será construído no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, no litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro. As instalações, que ocupam uma área de 70 mil m�, pertencem às Indústrias Verolme-Ishibras S/A e foram arrendadas à Fels Setal em março de 2000, por 30 anos. Além do estaleiro em Angra, a Fels Setal conta com mais duas unidades em Niterói e Macaé, também no Estado do Rio de Janeiro.
O Sistema BNDES tem sido o grande financiador do grupo Petrobras. Entre as operações em curso, na área de comércio exterior, destaca-se o financiamento de US$ 760 milhões para o desenvolvimento dos campos de Barracuda e Caratinga, além de outros US$ 38 milhões destinados aos campos de Espadarte, Voador e Marimbá. Desde o início da atual gestão do BNDES, presidida pelo economista Carlos Lessa, os financiamentos ao grupo Petrobras têm sido realizados sempre em operações diretas, sem intermediação de bancos comerciais, com expressiva redução de custos para a estatal.