BNDES apóia com R$ 465 milhões construção do maior parque eólico do País
· Projeto da Ventos do Sul vai gerar 150 MW de energia e 500 empregos
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 465 milhões para a Ventos do Sul Energia S.A, destinado à instalação de três parques eólicos, no município de Osório, no Rio Grande do Sul. O projeto terá capacidade de geração de energia elétrica de 150 megawatts (MW) - cada parque com 50 MW - o que o tornará o maior do Brasil e o segundo do mundo. Durante a construção serão gerados 500 empregos diretos.
O crédito do Banco corresponde a 69% do valor total do investimento, sendo R$ 105 milhões liberados diretamente pelo BNDES e os outros R$ 360 milhões repassados através de um consórcio de bancos, formado pelo Banco do Brasil, Santander, ABN Amro Real, BRDE Caixa do Rio Grande do Sul e Banrisul.
O projeto do parque eólico de Osório, realizado no âmbito do Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Fontes Alternativas (Proinfa), é o primeiro aprovado pelo BNDES para esse tipo de geração de energia. Atualmente, o Banco tem em carteira outros sete projetos eólicos, que somam investimentos totais de R$ 1,4 bilhão com previsão de financiamento de R$ 821,4 milhões.
O Proinfa contempla três fontes alternativas de energia - a biomassa, a eólica e as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) - consideradas uma opção de geração ambientalmente correta. Na primeira fase do Proinfa foram ofertados 3,3 mil MW de potência, igualmente distribuídas entre PCH, eólica e biomassa, com entrada em operação prevista para dezembro de 2006.
Um dos méritos dos investimentos em energia eólica é a sua contribuição para a diversificação da matriz energética brasileira com uma fonte de recursos renovável, sem risco hidrológico. Além disso, o parque eólico reduzirá a emissão de gases do efeito estufa por MW/hora de energia gerada no sistema interligado, criando, com isso, um potencial de geração de créditos de carbono.
A Ventos do Sul S.A é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) criada com a finalidade de construir três parques eólicos, denominados Parque Eólico dos Índios, de Osório e de Sangradouro. A SPE - que possui um contrato de compra e venda de energia com a Eletrobrás por um prazo de 20 anos, a partir do segundo semestre de 2006, quando as usinas entrarão em operação - é composta por três empresas: a espanhola Enerfin Enervento S.A (controlada pela Elecnor, umas das principais operadoras de energia elétrica do mundo), a brasileira Wobben (fabricante de aerogeradores e subsidiária do grupo alemão Enercon, que fornecerá os equipamentos do projeto), e a CIP Brasil (constituída por dirigentes da Ventos do Sul).
A Wobben Windpower, que possui duas unidades industriais no País, uma em Sorocaba (SP) e a outra em Pécem (CE), fornecerá os equipamentos do projeto.
No Brasil, existem atualmente apenas 28,6 MW instalados de energia eólica, em 11 empreendimentos, equivalentes a 0,03% da capacidade de geração de energia do País. Com o Proinfa, haverá um salto significativo na capacidade instalada brasileira em energia eólica, pois foram selecionados 53 projetos, em nove estados, totalizando 1,4 mil MW de potência instalada. Esse volume, superior à cota de 1,1 mil MW, é devido à antecipação dos investidores em obter licenças ambientais. Até o momento, já foram outorgados 145 empreendimentos de energia eólica, somando 6,6 mil MW de potência.
No mundo, a capacidade instalada de energia eólica era, em 2003, de 40 mil MW, sendo os principais países produtores a Alemanha (14,6 mil MW), os Estados Unidos (6,4 mil MW), a Espanha (6,2 mil MW) e a Dinamarca (3,1 mil MW). Na Dinamarca, 12% da energia elétrica consumida é proveniente de fonte eólica. No norte da Alemanha, a participação desse tipo de energia na geração total já ultrapassou os 16%. Na União Européia, a meta é gerar 10% de toda a eletricidade a partir do vento até 2030, o que deverá proporcionar economia de escala aos fabricantes de equipamentos, resultando em custos de investimentos mais competitivos no longo prazo.