BNDES destina R$ 42,8 milhões para a Caramuru instalar fábrica de biodiesel em Goiás
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira em Brasília que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 42,8 milhões para a Caramuru Alimentos. Os recursos serão destinados à construção de uma unidade industrial para a produção de biodiesel, utilizando o óleo de soja como insumo principal.
O anúncio foi feito junto com o presidente do BNDES, Demian Fiocca, que participou com Lula do Encontro Nacional sobre Biocombustível, na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A fábrica da Caramuru terá capacidade instalada de produção de 100 mil toneladas de biodiesel por ano e será construída ao lado das instalações da processadora de soja da Caramuru, em São Simão (GO).
"A empresa, que já produz óleo de soja, construirá agora uma usina de biodiesel também, utilizando o grão como matéria-prima", explicou o presidente Lula, que destacou a criação de empregos a partir da iniciativa.
Os investimentos apoiados pelo BNDES atendem aos objetivos do Governo Federal de estimular a produção de biodiesel. O programa tem como meta diversificar a matriz energética brasileira, gerar emprego e renda no campo e reduzir as importações de diesel, atualmente de cerca de 5% do total consumido no país, da ordem de 40 bilhões de litros por ano.
O projeto da Caramuru está alinhado com o programa de Governo, uma vez que um de seus principais méritos é contribuir para o suprimento do aumento da demanda de biodiesel no mercado nacional a partir de 2008, quando entrará em vigor a obrigatoriedade de adição de 2% de biodiesel em todo diesel comercializado no país. A unidade da Caramuru responderá por cerca de 8% da demanda nacional prevista para 2008, da ordem de 840 milhões de litros de biodiesel.
Atualmente, o BNDES tem em carteira seis projetos de investimentos em biodiesel que somam R$ 256 milhões, equivalentes a uma capacidade de produção de 580 milhões de litros. Além da Caramuru, duas outras operações já foram aprovadas, a da BSBIOS, de R$ 28,7 milhões para uma capacidade de 100 milhões de litros, e da Bertin, com financiamento de R$ 14,6 milhões e capacidade de 115 milhões de litros.
A Caramuru obteve o Enquadramento Social, etapa inicial para a obtenção do Selo Combustível Social, concedido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e que estabelece as condições para os produtores industriais de biodiesel obterem redução de alíquotas de impostos federais (PIS/Cofins). Para receber o incentivo, o produtor terá que adquirir volumes mínimos de matéria-prima de agricultores familiares, além de estabelecer contrato com especificação de renda e prazo e garantir assistência e capacitação técnica.
A Caramuru só obterá o selo do MDA se adquirir pelo menos 10% da matéria-prima para produção de biodiesel de agricultores familiares, iniciativa que vai gerar cerca de 300 empregos indiretos. A unidade da Caramuru deverá gerar cerca de 50 empregos diretos.
O projeto tem diferencial logístico importante. Está localizado às margens do rio Paranaíba, onde se inicia a hidrovia Paranaíba-Paraná-Tietê. Tal hidrovia é utilizada para escoar a produção de granéis sólidos (farelo de soja e soja em grãos).
O suprimento de óleo vegetal para a unidade da Caramuru virá da própria processadora da empresa em São Simão. Será necessária 1 tonelada de óleo vegetal para cada tonelada de biodiesel a ser produzida. A utilização da capacidade de produção ocorrerá de forma gradual, iniciando-se com 50% da capacidade instalada em 2007 e estabilizando-se em 90% no ano 2011.
A Caramuru Alimentos Ltda., controlada pelo Grupo Caramuru, atua, principalmente, no esmagamento de soja e girassol para a extração de óleo refinado e outros derivados. Além da unidade de São Simão, a empresa possui instalações em Itumbiara (GO), Apucarana (PR), Petrolina (PE) e Fortaleza (CE). O Grupo possui 2.131 funcionários, dos quais 1.710 estão alocados na Caramuru Alimentos.
Atuação social e ambiental - O Grupo Caramuru desenvolve parcerias com instituições voltadas para atividades de apoio às comunidades nas regiões onde atua. Em 2005, criou o Projeto Inclusão Social, com o objetivo de transmitir conhecimentos de informática e cidadania a seus colaboradores.
Na área ambiental, a empresa mantém próximo à sua fábrica de Apucarana uma área verde preservada com espécies nativas, constituída por 72 hectares divididos em Áreas de Reserva Legal e Reserva Permanente e de 52 hectares de reflorestamento de eucalipto. O objetivo é produzir de forma sustentável parte da matéria-prima utilizada na queima do cavaco de lenha, uma alternativa de baixo impacto ambiental se comparado à queima de combustíveis fósseis.