Desembolsos do BNDES Giro sobem 315% no acumulado do ano até agosto
Linha de capital de giro libera R$ 4,6 bilhões entre janeiro e agosto. Aprovações da Finame, para aquisição de máquinas e equipamentos, somam R$ 14,6 bilhões em oito meses; alta de 28%. Consultas refletem maior demanda por crédito na Agropecuária (14%) e em segmentos industriais como Química e Petroquímica (55%) e Mecânica (35%). Aprovações de Infraestrutura sobem 27%, com forte influência de Energia Elétrica (154%).
Os desembolsos do BNDES Giro, linha de financiamento do BNDES para capital de giro, atingiram quase R$ 4,6 bilhões no acumulado do ano até agosto. O resultado representa um salto de 315% em relação ao que foi emprestado no mesmo período de 2016. No acumulado em doze meses, a linha BNDES Giro soma quase R$ 6,2 bilhões emprestados em mais de 14 mil operações, alta de 230% em relação aos doze meses imediatamente anteriores.
Somente em agosto, o BNDES Giro liberou R$ 570 milhões em empréstimos, um crescimento de 147% em relação ao mesmo mês do ano passado. Criada originalmente como BNDES Progeren com o objetivo de ajudar empresas a atravessar o ambiente econômico recessivo dos últimos anos preservando atividades e empregos, a linha foi rebatizada como BNDES Giro em agosto, com o anúncio de mudanças para facilitar a concessão de crédito de curto prazo para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
Por meio do BNDES Giro, o BNDES contribui para a recuperação da economia suprindo as necessidades de financiamento principalmente dos segmentos com maior restrição de acesso ao crédito. Quase 85% de tudo o que foi emprestado este ano até agosto na linha BNDES Progeren, agora BNDES Giro, foi para MPMEs. Esse desempenho contribuiu para que a participação das MPMEs no desembolso total do Banco seguisse subindo. Entre janeiro e agosto, 41% de tudo o que o BNDES emprestou foi para esse segmento.
No mês passado, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, anunciou a redução da remuneração do Banco, de 2,1% para 1,5%, nas operações do BNDES Giro, que têm prazos de até 60 meses com 24 de carência. Ao ser reformulada, a linha de capital de giro também passou a integrar o novo sistema de aprovação automática de operações do Banco, o BNDES On-line, de uso exclusivo dos agentes financeiros. A plataforma que integra máquina-a-máquina os processos automatizados dos bancos repassadores aos do BNDES permite a aprovação em questão de segundos. No BNDES Giro, os recursos são repassados por agentes financeiros, que assumem o risco da operação.
Recuperação - O acesso ao capital de giro é essencial para as empresas em meio à recuperação econômica. Atualmente diversos sinais apontam para uma melhora no nível de atividade, como o crescimento de 0,2% do PIB no segundo trimestre do ano, apurado pelo IBGE. O resultado, acima das projeções de mercado, destacou a alta do consumo. Ainda assim, a inflação segue em níveis baixos mantendo as projeções de queda dos juros. Nesse contexto, espera-se recuperação gradativa da demanda por recursos do BNDES para investimentos nos próximos meses.
O desempenho operacional do BNDES nos oito primeiros meses do ano já reflete a retomada dos investimentos em modernização. As aprovações da Finame, linha de financiamento de máquinas e equipamentos, ultrapassaram R$ 14,6 bilhões no acumulado do ano até agosto, alta de 28% em relação a igual período do ano anterior. Na mesma comparação, os desembolsos tiveram alta de 13%, somando R$ 12,8 bilhões entre janeiro e agosto deste ano. Somente em agosto, as liberações de crédito da Finame para a aquisição de bens de capital como caminhões e máquinas agrícolas somaram R$ 1,7 bilhão, 33% acima do registrado no mesmo mês do ano passado.
Dados agregados – As estatísticas operacionais do BNDES seguem refletindo a situação econômica do país de baixa demanda por crédito para investimentos, mas em linha com indicativos de recuperação. As consultas, que são o principal termômetro das intenções de investimento por consistirem na primeira etapa do processo de tramitação dos pedidos de financiamento no BNDES, registraram menor recuo no acumulado do ano até agosto do que as aprovações e desembolsos.
Entre janeiro e agosto, as consultas somaram R$ 68,7 bilhões, queda de 10% na comparação com igual período de 2016. Apesar da manutenção do resultado negativo no acumulado do ano até agosto, os setores de Comércio e Serviços e de Agropecuária tiveram altas significativas nas consultas: 23% e 14%, respectivamente.
Vários setores industriais também registraram alta nas consultas, como Química e Petroquímica (+55%), Mecânica (+35%), Alimento e Bebida (+29%), Celulose e Papel (+16%) e Têxtil e Vestuário (+13%). Na Infraestrutura, houve alta de 36% nas consultas para Serviços de Utilidade Pública, de 25% para Construção e de 13% para Energia Elétrica.
Sobe aprovação para infraestrutura - Na etapa seguinte da tramitação dos pedidos de financiamento, os enquadramentos somaram R$ 58,6 bilhões no acumulado do ano até agosto, retração de 9% em relação ao mesmo período de 2016. Na mesma comparação, as aprovações tiveram recuo de 15%, somando R$ 45 bilhões entre janeiro e agosto. No entanto, o setor de Infraestrutura se destacou com alta de 27% nas aprovações, que ultrapassaram R$ 17,6 bilhões este ano. Só no segmento de Energia Elétrica, as aprovações saltaram 154%. Foram R$ 10,6 bilhões aprovados para projetos de geração, transmissão e distribuição, que representaram quase um quarto dos financiamentos aprovados pelo BNDES este ano.
As aprovações constituem um indicador dos recursos prestes a ingressar na economia em projetos de investimento. Já os desembolsos retratam a demanda por crédito para investimentos do passado, uma vez que os recursos só são liberados para os tomadores após a tramitação dos pedidos de financiamento nas fases de enquadramento, aprovação e contratação.
Desembolsos - Ainda refletindo um cenário econômico mais crítico, os desembolsos do BNDES somaram quase R$ 45 bilhões nos oito primeiros meses de 2017, queda de 19% na comparação com os recursos liberados entre janeiro e agosto de 2016. Entretanto, houve aumento das liberações no acumulado do ano até agosto para o setor de Agropecuária (+9%) e para segmentos de Infraestrutura, como Telecomunicações (+86%), Energia Elétrica (+53%) e Transporte Ferroviário (+3%). Apenas em agosto, o desembolso do BNDES foi de R$ 4,7 bilhões, queda de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado.
A distribuição regional dos desembolsos do BNDES mostra que a retração está mais concentrada no Sudeste, para onde o volume de recursos liberados caiu 36% no acumulado entre janeiro e agosto, na comparação com igual período do ano passado. No Centro-Oeste e no Nordeste, houve aumento significativo de desembolsos do BNDES para projetos: 21% e 15%, respectivamente. Nas aprovações, houve alta de 107% para projetos no Nordeste.