Iniciativa BNDES Mata Atlântica - Projeto IBIO
Instituto BioAtlântica (Ibio)
Projeto
Restauração florestal de 300 hectares de Mata Atlântica no Parque Estadual da Pedra Branca, Município do Rio de Janeiro (RJ).
Sítio do Projeto IBMA Ibio.
Apoio
R$ 6,2 milhões.
Data da aprovação
01.02.2011
Detalhes
O Parque Estadual da Pedra Branca, com 12.500 hectares de área, possui uma das maiores extensões florestadas em área urbana no mundo. Localizado na zona oeste do município do Rio de Janeiro, ocupa toda a área do Maciço da Pedra Branca situada acima da cota dos 100 metros e faceia os bairros de Guaratiba, Campo Grande, Bangu, Realengo, Recreio dos Bandeirantes, Grumari e Vargem Grande. Atinge a altitude de 1.024 metros no Pico da Pedra Branca, que é o ponto culminante do Município do Rio de Janeiro.
As maiores extensões de remanescentes florestais estão nas faces leste e sul, entre os bairros de Jacarepaguá e Grumari, enquanto no trecho entre Vila Valqueire e Campo Grande (norte - noroeste) dominam antigas pastagens e áreas degradadas. Nesta face do maciço, o Instituto Bioatlântica (Ibio) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) identificaram 1.300 hectares onde ações de restauração florestal teriam maior impacto sobre a ecologia. Esses hectares foram divididos em quatro setores, de acordo com sua localização e similaridade da situação socioambiental atual.
O sítio do projeto apoiado pela Iniciativa BNDES Mata Atlântica compreende um destes setores, o Setor Corredor, no qual foram selecionados 300 hectares, dentre as áreas de maior prioridade para restauração, consideradas também as oportunidades de geração de trabalho e renda por meio de parceria com as comunidades locais. Essa área faz limite com os bairros de Realengo, Jardim Sulacap, Vila Valqueire, Praça Seca, Tanque e Taquara, que abrigam uma população de cerca de 250 mil pessoas serão beneficiados direta e indiretamente pelo projeto.
Para facilitar o planejamento e o acompanhamento do trabalho, a área de abrangência do projeto foi dividida em trinta e quatro subsetores. Esta divisão foi realizada com base nos seguintes critérios: presença de caminhos, trilhas, ruas, etc, microbacia, linha de cumeada e cursos d’água.
Técnicas de recuperação
As áreas destinadas à recuperação estão situadas a partir da cota dos 100 metros do maciço da Pedra Branca e se inserem integralmente no complexo vegetacional atlântico. Os trechos a reflorestar encontram-se basicamente recobertos por vegetação sucedânea invasora, com destaque para o Panicum maximum (capim colonião), Imperata brasiliensis (capim sapê) e outras gramíneas de comportamento agressivo, cuja presença contribui para a disseminação de focos de incêndios, em especial entre os meses de maio e outubro. Apesar da predominância de trechos fortemente degradados, há presença de significativos remanescentes florestais, como a chamada Floresta do Barata, além de outros onde já ocorreram ações de reflorestamento.
A topografia dos terrenos varia de declivosa a muito declivosa, com inclinações variando de 20º a 45º. Nos principais acessos à área do projeto será montada uma pequena base de apoio para armazenagem de insumos (adubos, fertilizantes, corretores de solo etc.). Destas bases até as áreas de plantio o transporte deverá ser realizado pelos trabalhadores e, quando possível, por meio de utilização de animais de carga. O projeto prevê iniciar as atividades nas áreas mais íngremes e elevadas como forma de minimizar os efeitos dos processos erosivos no período de chuvas.
O projeto empregará a tecnologia de restauração desenvolvida pelo Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (LERF/Esalq/USP) . Prevê-se a utilização de insumos para corrigir o solo quanto à acidez e deficiências de minerais. Serão adotadas duas técnicas de restauração no setor Corredor: o plantio direto em 260 hectares e a indução de regeneração natural em 40 hectares.
Serão utilizadas espécies de ocorrência natural nos remanescentes florestais de Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro. Para planejamento do número estimado de mudas por espécie, serão considerados dois grupos, um com 50% das mudas por hectare pertencente ao grupo das “espécies de preenchimento” e 50% ao grupo das “espécies de diversidade”.
Como espécies de preenchimento, entende-se aquelas que possuem aptidão fisiológica para crescer a pleno sol e, ao mesmo tempo, apresentam rápido crescimento em altura e em abertura de copa. Como espécies de diversidade, são incluídas as espécies com menor taxa de crescimento ou pouca cobertura de copa, porém fundamentais para garantir a perpetuação da área plantada, já que são as espécies desse grupo que irão gradualmente substituir as do grupo de preenchimento quando essas entrarem em senescência, ocupando definitivamente a área restaurada e garantindo sua condução de forma sustentável.
O arranjo das mudas no plantio obedecerá ao espaçamento de 2 metros entre linhas e de 2 metros entre mudas, com disposição em quincôncio e intercalando “linhas de preenchimento” com “linhas de diversidade”. Quando forem localizados em áreas de declive, as linhas serão implantadas no sentido das curvas de nível do terreno. As mudas serão fornecidas pelo viveiro do Campus Fiocruz da Mata Atlântica, que está sendo reativado, com recursos do BNDES, no âmbito do projeto Fiotec/Fiocruz.
Inclusão de mão-de-obra local
O Instituto BioAtlântica tem experiência no processo de organização de trabalhadores na forma de cooperativas de trabalho no Sul da Bahia. Em um cenário de aumento da demanda por serviços de restauração florestal, as cooperativas de plantio constituem elo fundamental no fortalecimento das cadeias produtivas florestais. Neste projeto, o Ibio pretende utilizar o mecanismo de cooperativa para promover a inclusão de trabalhadores da região do Parque Estadual da Pedra Branca, o que lhe confere interessante característica social.
A participação direta dos moradores das comunidades como mão-de-obra nos reflorestamentos, aliada às atividades previstas de mobilização social e educação ambiental que serão implantadas por meio de campanhas ao longo da execução do projeto, promoverá a conscientização para a importância da conservação ambiental, o respeito ao meio ambiente e seus benefícios para toda a população. A população das comunidades no entorno imediato das áreas de intervenção local se torna parceira dos projetos, diminuindo, desta forma, a pressão sobre as áreas reflorestadas - menor queima de lixo, expansão da comunidade sobre as áreas reflorestadas, pastoreio etc., aumentando as chances de estabelecimento efetivo dos plantios.
Iniciativas como a restauração de um dos maiores parques urbanos no estado podem trazer inúmeros desdobramentos e benefícios para todos aqueles que moram na região, tais como melhoria na quantidade e qualidade da água, conforto térmico e melhoria na qualidade de vida. Além disto, a utilização de mão-de-obra local, gerando trabalho e renda, é fundamental para o tripé da sustentabilidade e será modelo para futuras intervenções de restauração.
Mais informações: www.bioatlantica.org.br