Informações por segmentos


Importante notar o quadro a seguir, que apresenta o resultado do BNDES por segmentos de negócios, definidos em função de suas atividades, a saber: (a) financiamento a empresas (carteira de crédito e repasses); (b) mercado de capitais (carteira de renda variável); e (c) Tesouraria.

Resultado do BNDES por segmentos de negócios (em R$ milhões)
Exercício 2011 Financiamentos a empresas % Mercado de capitais % Tesouraria % Total %
Resultado com intermediação financeira 7.091 98 (810) (11) 925 13 7.206 100
Receitas com intermediação financeira 37.245 84 1.279 3 5.555 13 44.079 100
Despesas com intermediação financeira (30.154) 82 (2.089) 6 (4.630) 13 (36.873) 100
Resultado com participações societárias - - 6.962 100 - - 6.962 100
Outras receitas e despesas operacionais (263) (68) 651 168 - - 388 100
Resultado por segmento 6.828 47 6.803 47 925 6 14.556 100
Despesas líquidas não alocadas             (1.959)  
Despesas tributárias [1]             (3.549)  
Lucro líquido             9.048  

1. Inclui basicamente tributos sobre o lucro (IR/CSLL), PIS e Cofins.

Após alocação das respectivas receitas, custos e despesas financeiras referentes a cada segmento, os resultados da carteira de crédito e repasses e da carteira de renda variável alcançaram o igual montante de R$ 6,8 bilhões cada, totalizando R$ 13,6 bilhões, enquanto o resultado da carteira de Tesouraria foi de R$ 0,9 bilhão. Como se observa, as carteiras de crédito e repasses e de renda variável contribuíram para a formação do resultado na proporção de 94%, distribuídos igualmente entre as duas, e a carteira de Tesouraria, com 6%.

Cabe ressaltar que, para a obtenção do lucro líquido total, devem-se deduzir do resultado agregado das carteiras as despesas gerais e administrativas de R$ 2 bilhões e as tributárias de R$ 3,5 bilhões. Vale ainda ressaltar que as diferentes carteiras estão sujeitas a distintas cargas tributárias, sendo a de renda variável a que está sujeita à menor carga relativa.

Em 2010, os resultados das carteiras de crédito e repasses, da carteira de renda variável e de operações de Tesouraria, apurados antes das despesas gerais, administrativas e tributárias, foram de R$ 8,6 bilhões (51,8%), R$ 6,4 bilhões (38,6%) e R$ 1,6 bilhão (9,6%), respectivamente.

Carteira de operações de crédito e repasses interfinanceiros

Composta pelos financiamentos concedidos pelo BNDES, a carteira de operações de crédito e repasses, líquida de provisão para risco de crédito, encerrou 2011 em R$ 425,5 bilhões, um crescimento de R$ 63,9 bilhões (17,7%) em relação a 2010. Representava 68,1% do ativo total em 31 de dezembro de 2011, e sua provisão para risco de crédito era equivalente a 6,21 vezes os créditos inadimplentes.

O aumento da carteira de operações de crédito e repasses em 2011 reflete o aumento da carteira em moeda nacional, impulsionado pelas liberações indexadas à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e pelas liberações no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

De acordo com a forma de solicitação de financiamento ao BNDES, as operações são classificadas em: (a) operações de crédito, ditas diretas, nas quais a operação é realizada diretamente com o BNDES ou por intermédio de mandatário; ou (b) operações de repasses interfinanceiros, ditas indiretas, nas quais a operação é realizada por meio de instituição financeira credenciada.

A tabela a seguir apresenta a posição da carteira de operações de crédito e repasses por setor em 2010 e 2011.

Carteira por setor (R$ milhões, exceto percentuais)

Setor

2010

%

2011

%

Carteira de operações diretas

184.469

50,4

220.897

51,5

Infraestrutura

79.175

21,7

96.266

22,4

Eletricidade/gás

27.727

7,6

36.121

8,4

Transporte terrestre

17.309

4,7

18.160

4,2

Transporte aéreo

10.535

2,9

12.293

2,9

Outros transportes

3.481

1,0

5.247

1,2

Telecomunicações

11.322

3,1

11.990

2,8

Outros

8.801

2,4

12.455

2,9

Indústria

67.461

18,4

79.219

18,5

Coque, petróleo e combustível

21.384

5,8

25.736

6,0

Metalurgia

10.481

2,9

10.635

2,5

Química

6.105

1,7

7.092

1,7

Extrativa

3.593

1,0

6.590

1,5

Celulose e papel

6.001

1,6

6.229

1,5

Outros

19.897

5,4

22.937

5,3

Comércio e serviços

36.971

10,1

44.303

10,3

Administração pública

18.004

4,9

22.300

5,2

Atividade financeira e seguro

8.130

2,2

9.431

2,2

Comércio

5.077

1,4

5.472

1,3

Outros

5.760

1,6

7.099

1,7

Agropecuária

862

0,2

1.109

0,3

Carteira de operações indiretas

181.321

49,6

208.273

48,5

Bancos (intermediação financeira)

181.321

49,6

208.273

48,5

Total

365.790

100,0

429.170

100,0

A qualidade de crédito é resultado da consistência da política operacional do BNDES, na qual os financiamentos concedidos são objeto de contínuo acompanhamento e demandam garantias que cubram a posição devedora ao longo da vida dos contratos.

Qualidade da carteira de crédito e repasses (em 31/12/2011)

Classificação de risco

Sistema BNDES 

SFN  [1] [2]

 Instituições Financeiras Privadas

Instituições financeiras públicas  [2]

AA - C

 98,7%

92,3%

 90,8%

94,2%

D - G

 1,1%

4,6%

 5,6%

3,3%

H

 0,2%

3,1%

 3,6%

2,5%

1. Sistema Financeiro Nacional.
2. Dados preliminares. Fonte: Bacen

O quadro a seguir apresenta os índices de inadimplência do BNDES e do Sistema Financeiro Nacional (SFN) nos três últimos anos.

Inadimplência
  2009 2010 2011
BNDES 0,20% 0,15% 0,14%
SFN [1] 4,3% 3,2% 3,6%

1. Fonte: BCB.

Os índices de inadimplência do BNDES entre 2009 e 2011 mantiveram-se em patamares inferiores aos registrados pelo SFN, a despeito de o BNDES adotar critério mais conservador na classificação dos créditos como inadimplentes. Enquanto o SFN classifica como inadimplente todo crédito vencido há mais de 90 dias, o BNDES adota o prazo inferior, de 30 dias.

Os baixos índices de inadimplência demonstram o compromisso na aplicação dos recursos públicos confiados ao BNDES.

Carteira de renda variável

A carteira de renda variável compreende basicamente os investimentos em debêntures conversíveis/permutáveis e participações societárias de caráter minoritário e transitório que buscam apoiar o processo de capitalização e o desenvolvimento de empresas nacionais, bem como fortalecer e modernizar o mercado de capitais brasileiro.

A carteira de participações societárias do BNDES encerrou 2011 em R$ 99,6 bilhões, queda de R$ 7,9 bilhões (7,3%) em relação ao ano anterior. Desse total, R$ 82,4 bilhões estão representados por investimentos nos quais o BNDES não tem poder de participação nas decisões financeiras e operacionais, tendo apresentado redução de R$ 13,5 bilhões (14,1%) em relação a 2010, reflexo da redução do valor justo de alguns investimentos.

Dentre as principais aquisições realizadas em 2011, destacam-se as ações ON da Petrobras, no valor de R$ 6,4 bilhões, recebidas do Tesouro Nacional a título de aumento de capital, e a conversão de direitos a receber da Eletrobras em ações da companhia, no valor de R$ 2,3 bilhões.

Por causa das incertezas nos mercados internacionais no segundo semestre de 2011, as principais alienações, representadas por ações da Telemar Participações, Laticínios Bom Gosto, Companhia de Eletricidade de São Paulo (Cesp) e Inepar S.A., concentraram-se no primeiro semestre de 2011 e proporcionaram um ganho de R$ 1,2 bilhão, equivalente a 68,9% do resultado com alienações.

A partir de 2010, os investimentos em sociedades nas quais o BNDES não tem poder de influenciar nas decisões financeiras e operacionais passaram a ser avaliados a valor justo. Como parte significante desses investimentos possui cotação em bolsa, utiliza-se a cotação da ação para mensuração do valor justo desses investimentos. Dessa forma, o comportamento da ação em bolsa gera impactos diretos na carteira de participações societárias, reduzindo ou aumentando seu saldo pelo reconhecimento, respectivamente, da variação positiva ou negativa de seu valor justo. Contudo, tais ganhos ou perdas provocam impacto financeiro apenas quando da alienação do investimento.

Importante ressaltar que a decisão de alienar investimentos considera as condições do mercado e a maturação dos investimentos da carteira. Para isso, o BNDES monitora o mercado, buscando as melhores oportunidades em relação ao preço, volume e momento de venda, já que, em virtude do bom gerenciamento de seu fluxo de caixa, não necessita incorrer em perdas na alienação de investimentos para compor seu fluxo de caixa.

A carteira de debêntures encerrou 2011 em R$ 18,1 bilhões, crescimento de R$ 288 milhões (1,6%) em relação a 2010. As principais operações realizadas em 2011 foram a conversão de debêntures da JBS S.A., no montante aproximado R$ 3,5 bilhões, em ações da companhia, e as aquisições de debêntures de AGC Energia (R$ 1,6 bilhão), ETH Bio Participações (R$ 686 milhões), MPX Energia (R$ 676 milhões) e Suzano Papel e Celulose (R$ 574 milhões).

O quadro a seguir apresenta a carteira de renda variável do BNDES por setor em 2010 e 2011. 

Carteira de ações + debs
Setor 2010 2011
% %
Petróleo e gás 39,4 38,4
Mineração 21,3 18,3
Energia elétrica 11,5 16,0
Alimentos 8,6 8,5
Telecomunicações 3,0 3,0
Papel e celulose 3,7 2,8
Metalurgia 1,7 2,1
Fundo Private Equity ‒ PIQ 1,2 1,5
Tranportes 1,5 1,4
Outros 8,1 8,0
Total 100,0 100,0