Ao tomarem direção oposta durante crises, BNDES e mercado de capitais se complementam, mostra estudo
Afetado pela crise das Americanas e de outras grandes empresas, o mercado de capitais retraiu em 36% as emissões de títulos (de renda fixa, variável e híbridos) nos primeiros oito meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Ao mesmo tempo, as consultas ao BNDES por novos financiamentos cresceram 111%, atingindo R$ 183,6 bilhões.
Os dados indicam que, em momentos de estresse dos mercados, ambos costumam caminhar em direções opostas. É o que conclui o novo número da série Estudos Especiais do BNDES, publicado nesta segunda-feira, 18. A análise aponta que não há substituição de um instrumento (mercado de capitais) pelo outro (crédito do BNDES) e que, ao contrário, eles se complementam, sobretudo durante crises.
O trabalho destaca que, mesmo instrumentos de longo prazo, como as debêntures incentivadas de infraestrutura, tiveram desempenho mais tímido até agosto de 2023, 16% inferior ao mesmo período de 2022 (R$ 21,7 bilhões em emissões). Já o Banco teve incremento de 163% nas consultas e desembolsos de R$ 25 bilhões para infraestrutura no período.
Outra diferença que o estudo assinala é a destinação dada aos recursos nas captações realizadas via mercado de capitais ou com o BNDES. No caso das emissões de debêntures, por exemplo, mais de 60% dos recursos captados em 2023 foram destinados ao refinanciamento de passivos, capital de giro ou recompra e resgate de emissões anteriores – ou seja, a finalidades ligadas à gestão financeira das empresas. As consultas recebidas pelo Banco, por sua vez, vieram principalmente dos setores de infraestrutura e indústria, cujos investimentos contribuem para aumentar o estoque de capital da economia.
Para além de complementar o mercado de capitais, a análise cita ainda o papel do BNDES no desenvolvimento do mercado doméstico de debêntures incentivadas, já que a instituição também atua como compradora e estruturadora nessas emissões. Até agosto de 2023, o Banco adquiriu 33% do volume emitido e participou das duas maiores emissões de debêntures incentivadas do país – realizadas pela Iguá, em junho, e pela Aegea, em agosto.
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