Discurso do presidente Dyogo Henrique de Oliveira, na cerimônia de transmissão de cargo de presidente do BNDES, no dia 9 de abril de 2018
Infraestrutura, inovação e MPMEs estão entre as prioridades citadas pelo novo presidente.
"Gostaria inicialmente de cumprimentar o Exmo Presidente da República, Dr. Michel Temer, para agradecê-lo por ter depositado em mim tamanha confiança e a responsabilidade de conduzir a gestão do Ministério do Planejamento nos últimos 23 meses.
Órgão da máxima importância, responsável não apenas pela elaboração e gestão do orçamento federal, o que já seria tarefa da maior envergadura, mas também é órgão responsável pelo planejamento plurianual, pela coordenação das estatais federais, pela gestão interna do governo, alocação de pessoal, compras governamentais e pela TI do governo. Também é responsável pelo programa de investimentos do governo federal e, junto com o Ministério da Fazenda e o Banco Central, integra a equipe que conduz a política econômica do país.
Fico ainda mais grato e honrado agora que vossa excelência encarrega de mais uma importante tarefa. Conduzir o BNDES em um momento tão crucial da sua história.
Gostaria também de cumprimentar as demais autoridades aqui presentes Senador Eunício de Oliveira, presidente do Senado, Deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Colegas de trabalho, amigos, muitos amigos, vejo daqui rostos conhecidos que me acompanham por tantos anos na labuta diária, nas lutas que travamos para construir um Brasil melhor a cada dia.
Queria cumprimentar de modo especial meus familiares. Seu Divino e Dona Diná que me ensinaram tudo de mais importante que carrego comigo. Valores. Honestidade, dedicação, amor ao trabalho, respeito ao próximo, amor pelo meu país. Meus filhos Luiza, Paulo e Amanda, que me ensinaram o que significa o amor sem limites. O amor que só se pode ter pelos filhos. E meus netinhos que me ensinaram o que tem de melhor nessa vida que é ser avô. Minhas irmãs aqui também Andréia, Luciana e Daiane e a Da. Fabiany.
Muito obrigado a todos. Cada um de vocês contribuiu para estarmos aqui hoje.
Mas acredito que o que foi mais decisivo para estarmos aqui hoje foi o trabalho que fizemos nesses últimos dois anos.
É preciso registrar, Presidente, senhoras e senhores, que recebemos um país no fundo do poço, no fundo do poço mais fundo onde nunca o Brasil havia estado. Na maior e mais prolongada crise da nossa história.
Foi nesse contexto que assumimos a gestão do ministério do planejamento, ainda interinamente. Apenas para lembrar, vínhamos de uma inflação de 10,5% e uma queda do PIB de 3,7% em 2015. Mais precisamente amigas e amigos, o PIB estava caindo a 4,6% no 2º trimestre de 2016. E o desemprego crescia, atingindo milhões e milhões de brasileiras e brasileiros.
O Brasil já havia perdido o selo de investment grade (troca p portugues). E o pior, havia descrédito total na gestão da política econômica. Falava-se abertamente sobre risco de default do governo brasileiro. Falava-se em dominância fiscal, situação em que a política monetária perde efeito porque o descontrole fiscal superar a capacidade do banco central controlar a inflação.
A revista the economist substituiu a imagem do cristo redentor decolando, que simbolizava que o Brasil tinha finalmente tomado o rumo do crescimento sustentável, pela imagem de uma estátua desgovernada em rota de queda. Era o Brasil que caía. Nada podia ser mais eloquente sobre a situação em que nos encontrávamos.
Nesses 23 meses. As coisas mudaram bastante.
Fizemos um número enorme de reformas e medidas que permitiram colocar o país de volta no caminho do crescimento econômico. Saímos da recessão. Crescemos 1% em 2017 e vamos crescer em torno de 3% neste ano.
A inflação, o maior mal que se pode impingir à renda do trabalhador, está controlada em torno de 3% ao ano e o desemprego está cedendo.
Marcos históricos estão sendo registrados nesse momento, senhoras e senhores.
A menor inflação, a menor Selic, o maior valor da bolsa de valores, a maior valorização das empresas estatais, os maiores volumes de investimento estrangeiro no país, a maior safra, o maior saldo comercial.
A história lhe fará justiça presidente. O seu governo será lembrado como o governo que realizou mais reformas num período tão curto.
Coisas grandes como a reforma trabalhista, a abertura do monopólio do pré-sal, a implementação do teto do gasto, a liberação do FGTS, o aumento da rentabilidade do FGTS, porque todo mundo fala da liberação das contas inativas do FGTS, mas se esquece que o sr atendeu umas das mais antigas demandas dos trabalhadores brasileiros que era ver sua contas de FGTS remuneradas de maneira mais próxima de outras aplicações. E nós fizemos a distribuição do lucro do FGTS para os trabalhadores. Só no ano passado foram mais de 7 bilhões de reais. E a cada ano esse valor se repetirá. Engordando a poupança dos trabalhadores.
Além disso, fizemos uma quantidade enorme de ações que melhoram o funcionamento da economia e aumentam a produtividade, como a atualização da alienação fiduciária, alterações no marco legal da mineração, alterações nas regras de conteúdo local da área de petróleo e gás, diferenciação de preço entre outras.
Tudo isso, senhoras e senhores, nos traz a este momento. Que tem um significado especial para a economia brasileira. Nós estamos no início de um novo ciclo de crescimento da economia brasileira. Um longo ciclo. Que deve durar algo entre oito e doze anos. Mas este ciclo tem uma característica especial ele será marcado pela era dos juros baixos. Nós não veremos mais a Selic de 20, 40% que já vimos. O que veremos será um país com inflação baixa e juros baixos.
Dizem que uma recessão traz sofrimentos demais para não ser aproveitada para gerar grandes transformações no país. Pois bem. Vamos aproveitar que quebramos a espinha dorsal da inércia inflacionária e conduzir o país para padrões internacionais em termos de inflação e de juros. Nesse sentido, a independência do Banco Central é fundamental.
E isso tem tudo a ver com o BNDES. Um novo BNDES.
Como disse no início. Estamos atravessando um período crucial para o BNDES. Um período de importantes transformações. O Banco terá de se reinventar num cenário diferente daquele em que ele cresceu e se tornou um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo.
Ninguém quer que volte a existir o país da inflação descontrolada, das crises de balanço de pagamentos, dos juros estratosféricos e do descontrole das contas públicas. Para fazer valer o termo desenvolvimento, teremos que rumar por novos horizontes, novas formas para contribuir para o crescimento do nosso país.
Na era do juro baixo, o BNDES será diferente do que foi nos seus quase 66 anos de vida. Porque o Brasil será diferente. As necessidades do desenvolvimento do país serão outras. Dou um exemplo. No passado, apenas o BNDES financiava projetos de infraestrutura de longo prazo. Era uma função quase exclusiva do banco. Hoje isso já não é mais verdade. Já há alternativas no mercado. Essas alternativas ainda não atendem todas as demandas, mas já estão se desenvolvendo. E é papel do BNDES impulsioná-las.
Na era do juro baixo, os fundos de pensão, os gestores de poupança de longo prazo, Family offices, seguradoras, até os asset managers, estarão ávidos por oportunidade que ofereçam um pouco de rentabilidade acima dos títulos públicos. Mesmo com um pouco mais de risco.
Nesse novo cenário, o BNDES será ainda mais forte e determinante para o crescimento econômico e desenvolvimento social do país. O BNDES será mais ágil, mais flexível, mais adaptado às necessidades do cliente. Passará a tratar aquele que bate às suas portas, presidente, não como beneficiário, como alguém que recebe um benefício, mas como cliente que merece ser recebido e atendido com rapidez e eficiência. Nos preocuparemos com o nosso cliente.
O BNDES será o promotor, desenvolvedor, estruturador dos grandes projetos produtivos e de infraestrutura. Não vamos ficar apenas esperando que nos batam as portas. Vamos buscar as oportunidades de investimento, desenvolver os projetos, buscar os parceiros corretos, com transparência.
Sabe qual é uma reclamação recorrente que recebo de investidores? A falta de projetos. Eles não reclamam da falta de recursos. Eles reclamam que os projetos são poucos e demoram pra ficarem prontos e serem leiloados. Pois bem, está aí o papel do BNDES. Desenvolver os projetos de energia, de transporte de infraestrutura urbana, saneamento, mobilidade etc. E fazê-lo mais rapidamente.
O BNDES será promotor do mercado financeiro e de capitais de longo prazo. Não há motivos para que haja competição com o mercado. Pelo contrário, se há recursos disponíveis no mercado para atender uma demanda, o BNDES buscará outras. Vamos atuar, isso sim, junto com o mercado, desenvolvendo novos produtos, atraindo novos investidores, ampliando os recursos disponíveis para financiar o investimento no Brasil.
Daremos atenção especial às micro, pequenas e médias empresas da indústria, do comércio e dos serviços.
Continuaremos a apoiar o comércio exterior e a internacionalização das empresas brasileiras.
O BNDES desenvolverá novos produtos para apoiar a inovação. Os instrumentos tradicionais não são adequados para o mundo da economia do conhecimento. Para o mundo da quarta revolução industrial. É preciso entender que mais importante do que ter garantias para oferecer num financiamento, é ter uma boa idéia, uma boa proposta, um bom business plan, um bom modelo de negócio.
Deveremos ampliar os instrumentos de mercados de capitais para atuar nessa área. Fundos de venture capital, programas de seed money, instrumentos de participação em equity e apoio a start ups.
O banco está focado nesse momento presidente na identificação de médias empresas que tenham potencial de expansão. Ao invés de focar apenas em grandes empresas e escolher os vencedores, vamos abrir oportunidade para todos que tenham potencial e permitir que eles se desenvolvam.
Tudo isso que eu disse, senhoras e senhores. Não é muito diferente do que já está em andamento no BNDES. Graças ao trabalho da Maria Silvia e do Paulo Rabelo e, principalmente, da equipe do BNDES, uma equipe muito qualificada e dedicada a promover o melhor para o país, muitas dessas coisas já estão em curso. Teremos apenas que dar corpo e velocidade a elas. E nossa equipe Benedense, presidente, não se furtará a dar as melhores soluções para que as brasileiras e brasileiros tenham dias cada vez melhores. Se há uma equipe que pode fazer a diferença para o país, essa é a equipe do BNDES!
Faremos isso com muita dedicação e com muito respeito à qualidade ética, profissional e técnica dos empregados do BNDES. Passo a integrar agora à família Benedense e juntos vamos reinventar o Banco para que ele possa continuar a ser o que sempre foi. O maior promotor do desenvolvimento do Brasil. Viva o BNDES.
Muito obrigado a todos.”