Iniciativa BNDES Mata Atlântica - Projeto IBMA Onda Verde
Entidade Ambientalista Onda Verde
Projeto
Restauração de 130 hectares de Mata Atlântica em áreas da Reserva Biológica do Tinguá (REBIO), localizada no município de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro.
Apoio
R$ 1.941.777,00
Detalhes
A Entidade Ambientalista Onda Verde é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, constituída em 1994. Sediada no bairro do Tinguá, Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, junto à Reserva Biológica do Tinguá, a Onda Verde atua na conscientização, educação e mobilização da sociedade visando integrar o conceito de ecologia ao de justiça social. Suas ações incluem educação ambiental, restauração e atividades culturais focadas na preservação do bioma Mata Atlântica.
Com uma atuação no contexto socioambiental dos 13 municípios da Baixada Fluminense, a Onda Verde oferece serviços ambientais à comunidade, tais como biblioteca com internet comunitária, capacitação de professores na temática ambiental, educação ambiental para estudantes da rede pública de ensino, programa de coleta seletiva solidária no bairro de Tinguá, atendendo 2.641 moradores em 714 residências, viveiro para aclimatização/rustificação das mudas utilizadas para a recomposição da mata ciliar dos rios da região de Tinguá, apoio a pequenos agricultores do entorno da Reserva Biológica do Tinguá no âmbito do Programa Palmito Legal, e outras atividades.
A Postulante já executou diversos projetos semelhantes, inclusive de reflorestamento da Mata Atlântica em áreas prioritárias para conservação e de implantação de hortas urbanas em faixa de dutos. A Petrobras é uma das atuais parceiras da entidade.
O objetivo do projeto é a restauração florestal de 130 hectares da Reserva Biológica do Tinguá em área localizada no bairro de Adrianópolis, no município de Nova Iguaçu.
Criada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) através do Decreto Federal nº 97.780, de 23 de maio de 1989, a REBIO Tinguá é uma unidade de conservação situada entre a Serra do Mar e a Baixada Fluminense, com área de aproximadamente 25.000 hectares que engloba partes dos municípios de Nova Iguaçu (55,14%), Duque de Caxias (37,44%), Petrópolis (4,26%) e Miguel Pereira (3,16%).
A REBIO Tinguá conserva alguns dos mais importantes trechos de biodiversidade do estado, razão pela qual se encontra inserida na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) do Rio de Janeiro1, reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO) em 1992. A sua cobertura vegetal é classificada como Floresta Ombrófila Densa, com grande variação estrutural devido à declividade.
Da esquerda para direita: Imagens da REBIO - entrada; palmeiras imperiais no caminho para a área a ser restaurada; água cristalina do Rio do Ouro; represa da CEDAE que abastece a população da baixada. |
A Reserva também abriga nascentes de rios que constituem importantes mananciais de abastecimento para as populações dos Municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti e Nilópolis. Segundo o seu plano de manejo2 , a REBIO foi criada para conservar uma amostra representativa da Mata Atlântica e seus recursos naturais, com especial atenção para os recursos hídricos, e também para proporcionar o desenvolvimento das pesquisas científicas e educação ambiental. Ainda de acordo com o plano, a Reserva em estudo tem uma importância singular para formação de Corredores de Biodiversidade, cujo propósito é garantir a sobrevivência do maior número de espécies e o equilíbrio dos ecossistemas. Por abrigar riqueza em diversidade ecológica da Mata Atlântica, a REBIO Tinguá é uma unidade que integra o Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar.
Vista frontal da área degradada e Raul Andrade juntamente com Flavio Silva (Chefe da REBIO Tinguá) e Hélio Vanderlei (Onda Verde) em visita de análise.
Situada no limite entre a região Serrana e a Baixada Fluminense, a Reserva Biológica do Tinguá está sob intensa pressão antrópica em decorrência da expansão urbana nas cotas baixas do seu entorno. No contato mais próximo com o entorno da Reserva, é possível perceber uma grave situação de degradação social e ambiental, que traz a reboque lixo, descargas orgânicas, assoreamento e a erosão das margens dos corpos hídricos.
A área a ser restaurada da Reserva está situada, como já dito, no bairro Adrianópolis, em Nova Iguaçu, e apresenta relevo declivoso com encostas íngremes e uma vegetação predominante de capim colonião e capim sapé, espécies agressivas que prejudicam o processo de regeneração natural da floresta. Em visita de análise, o GAn constatou que o nível de degradação da referida área é acentuado e que a sua restauração permitirá a ligação de fragmentos importantes para conservação ambiental da Reserva.
Segundo o Mapa de Zoneamento da REBIO, a área está incluída na Zona de Recuperação como uma área prioritária para restauração.
Técnica de reflorestamento
O reflorestamento envolverá aquisição das mudas, implantação e manutenção do plantio. As mudas de diversas espécies nativas da Mata Atlântica, com altura de 0,30 a 0,60 metros, serão acondicionadas em caixotes plásticos e transportadas em caminhão dos viveiros fornecedores à casa de vegetação da Onda Verde, onde serão aclimatadas para posterior envio a campo e plantio. Estima-se que serão plantadas cerca de 329.000 mudas.
O projeto realizará a restauração de acordo com o nível de degradação da área, conforme descrito a seguir:
Técnicas de restauração em função do nível de degradação da área:
- Áreas degradadas com ausência da vegetação arbustiva e arbórea:
Será utilizado o plantio no qual uma muda de espécie clímax ou secundária tardia fica no centro de um quadrado formado por quatro mudas de espécies pioneiras ou secundárias iniciais. Como as espécies pioneiras e secundárias iniciais apresentam crescimento rápido, irão fornecer o sombreamento necessário para a muda de espécie clímax e secundária tardia. Nesta metodologia será utilizado espaçamento de 2 x 2 m, cova de 40 x 40 cm e coroa de 80 cm de diâmetro ao redor da cova gerando um total de 2.500 mudas por hectare; - Áreas de vegetação secundária inicial e intermediária:
Será utilizado o plantio por enriquecimento, com a introdução apenas de espécies climáticas e secundárias tardias, utilizando o mesmo procedimento de covas da metodologia empregada anteriormente, porém com coroa de 40 cm de diâmetro ao redor da cova e espaçamento de 4 x 4 m, em linha, gerando um total de 625 mudas por hectare.
Em ambas as metodologias serão utilizadas espécies zoocóricas (que atraem a fauna) e possibilitam a dispersão de sementes trazidas de outros fragmentos, o que auxiliará na sucessão florestal. A priori, a manutenção florestal iniciar-se-á três meses após o início do plantio, com frequência trimestral, e perdurará até o final do projeto.
A implantação do reflorestamento envolverá as seguintes operações: roçada, marcação, combate a formigas, capina em faixas, coroamento, aceiros internos e externos, coveamento (incluindo banquetas), calagem e adubação, transporte, aclimatação das mudas e plantio.
O projeto estabelece a execução do Plano de Manutenção da Floresta em Restauração como um conjunto de atividades pós-plantio que visam proporcionar as condições ideais para o desenvolvimento da restauração. O Plano abrange atividades de roçada, combate a formigas, limpeza de faixas, coroamento, limpeza de aceiros, recoveamento e banquetas, adubação de cobertura e replantio das mudas que não vingarem. Estima-se que a mortalidade será de aproximadamente 10%. Neste caso, as mudas serão replantadas. A quantidade de mudas prevista inclui provisão para esta eventualidade.
O monitoramento do projeto prevê a realização de análises, registros fotográficos de cada atividade desenvolvida e relatórios, compreendidos da seguinte forma:
- Registro Primário por Área:
Avaliação da área e seu estágio de degradação, identificação e georreferenciamento de espécies existentes arbustivas e ou arbóreas para função matriz, análises química e granulométrica do solo, densidade do solo in locu, análises de água, localização georreferenciada do sítio, das delimitações de áreas a reflorestar, da acessibilidade ao sítio, croqui e registro com fotos. Ocorrência mensal e única por propriedade; - Registro Primário de Serviços:
Preparação da área, limpeza, covas, cercas, aceiros e registro de fotos. Ocorrência diária; - Registro Secundário de Serviços:
Adubação, plantio, sinalização, plaquetamento e registro com fotos. Ocorrência semanal por alternância; - Registro Terciário de Serviços:
Replantio, manutenção de áreas, manejo de pragas e plantas. Ocorrência trimestral ou quando se fizer necessário; - Registro Secundário por Área:
Avaliação da área, vistoria das espécies definidas como matrizes e as reflorestadas em uma parcela com 50 indivíduos onde haja matriz e ou por pontos georeferenciados pré-estabelecidos; onde não houver matrizes, serão avaliados diâmetro do caule, cobertura de copa, aspecto das folhas, área basal, altura, ataque de pragas e doenças, sustentabilidade do solo (fertilidade). Em toda a área da parcela estabelecer taxa de mortalidade das mudas plantadas, descrição de evolução sucessional, identificação de pontos críticos a controlar como processos erosivos, interferência humana, de animais, fenômenos naturais e registro com fotos. Ocorrência semestral seguindo orientações da EMBRAPA Agrobiologia; - Relatórios:
Serão elaborados baseados no controle das atividades executadas em cada área, os quais serão registrados de acordo com sua execução através dos Registros acima discriminados.
Além das referidas ferramentas de acompanhamento físico, o projeto prevê ainda realização de trabalhos de campo correspondentes a visitas técnicas e análise in locu que permitirão levantamentos acerca da fauna na área restaurada e das condições físicas do solo em campo.
O projeto também contempla o monitoramento do reflorestamento através da realização de trabalhos em laboratório com objetivo de qualificar tecnicamente as atividades executadas e fomentar a pesquisa científica. Para tanto, serão adquiridos equipamentos para o Laboratório de Ecologia e Restauração de Áreas Degradadas (LERAD) da Onda Verde, que cuidará das seguintes atividades:
ATIVIDADE | DESCRIÇÃO | DIRETRIZ |
---|---|---|
Análise de Solo (Laboratório) | Análise Química do solo (Fertilidade) – tem a finalidade de verificar a quantidade de elementos nutrientes disponíveis no solo para as plantas. | Análise Química do solo (Fertilidade) – tem a finalidade de verificar a quantidade de elementos nutrientes disponíveis no solo para as plantas. Análise Textural do solo (Granulométrica) – Tem a finalidade de verificar as principais frações granulométricas que compõe um tipo ou classe de solo e que são normalmente divididas em Areia, Silte e Argila. |
Biomonitoramento (Laboratório) | Avaliação da Sucessão Ecológica | Produzir e sistematizar conhecimentos sobre ecologia e restauração de áreas degradadas, promovendo a conservação das espécies vegetais de ocorrência regional e maior estabilidade no reflorestamento heterogêneo induzido. Produzir e sistematizar conhecimentos sobre a produção de mudas florestais nativas da Mata Atlântica, visando contribuir para o fortalecimento do setor florestal. |
Das ameaças recorrentes ao trabalho da restauração ecológica, destacam-se o risco de incêndio, a presença de formigas cortadeiras, plantas daninhas e a presença de gado. No caso do controle das formigas, está prevista a aplicação de iscas granuladas. O manejo das plantas daninhas ocorrerá através do seu corte e remoção. O GAn constatou a presença de gado na região (foto) e a providência a ser tomada para evitar que pisoteiem as mudas da restauração é o cercamento da área. O GAn considera adequadas as medidas propostas.
O projeto utilizará adequadas técnicas de reflorestamento e tem importância especial para a recuperação dos recursos hídricos. A área do projeto é limítrofe ao Rio D´Ouro, um dos principais contribuintes da Bacia Hidrográfica do rio Guandu, que abastece cerca de 80% (oitenta por cento) da população da região Metropolitana do Rio de Janeiro3.
O projeto tem importância especial para a recuperação da biodiversidade. Tem o mérito de aumentar o habitat para fauna em estado crítico de vulnerabilidade, especialmente importantes por estarem no topo de cadeia alimentar4.
Além disso, o projeto contribuirá para o sequestro de gás carbônico da atmosfera.
Mais informações: www.ondaverde.org.br
1. Vale dizer que, dentre os requisitos básicos para uma área ser considerada uma Reserva da Biosfera, além da efetiva proteção legal, deve a mesma ter valores naturais que justifiquem a sua conservação e características ideais à preservação.
2. Consulta ao site http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2143-rebio-do-tingua, realizada em 29/07/2013.
3. Segundo o Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (SONDOTÉCNICA, 2006), as matas inseridas no sistema hidrográfico que drena para a Baía de Sepetiba são secundárias, não remanesce nenhum fragmento de floresta primária. Mesmo as formações mais desenvolvidas e que possuem maior biodiversidade são, quase todas, de mata regenerada.
4. Segundo a literatura, entre muitas outras espécies de mamíferos, são característicos desta região o cachorro do mato (Cerdocyon thous), o mão pelada, gatos do mato, sagüis, o tatu galinha, o quati, a capivara, a lontra, o cateto (Pecari tajacu), a queixada ou porco-do-mato (Tayassu pecari) e o veado (Mazama sp.). As três últimas estão na Lista de Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro.
1. Vale dizer que, dentre os requisitos básicos para uma área ser considerada uma Reserva da Biosfera, além da efetiva proteção legal, deve a mesma ter valores naturais que justifiquem a sua conservação e características ideais à preservação.
2. Consulta ao site http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2143-rebio-do-tingua, realizada em 29/07/2013.
3. Segundo o Plano Estratégico de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (SONDOTÉCNICA, 2006), as matas inseridas no sistema hidrográfico que drena para a Baía de Sepetiba são secundárias, não remanesce nenhum fragmento de floresta primária. Mesmo as formações mais desenvolvidas e que possuem maior biodiversidade são, quase todas, de mata regenerada.
4. Segundo a literatura, entre muitas outras espécies de mamíferos, são característicos desta região o cachorro do mato (Cerdocyon thous), o mão pelada, gatos do mato, sagüis, o tatu galinha, o quati, a capivara, a lontra, o cateto (Pecari tajacu), a queixada ou porco-do-mato (Tayassu pecari) e o veado (Mazama sp.). As três últimas estão na Lista de Fauna Ameaçada de Extinção do Estado do Rio de Janeiro.
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