Com apoio do BNDES, indústria química da Baixada Fluminense investe em tecnologia para levar saúde aos brasileiros
Publicado em 07.11.2019

Talvez você nunca tenha ouvido falar na Nortec Química, mas é muito provável que ela esteja presente na sua vida. Responsável pela produção de princípios ativos de medicamentos que vão desde o Dorflex e a Neosaldina, campeões de venda no País, até os antirretrovirais usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos coquetéis ministrados a pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), passando por anestésicos locais e drogas que combatem doenças negligenciadas, como o mal de Chagas e a filariose, a Nortec é exemplo acabado da efetividade e de externalidades positivas da atuação de um banco público de desenvolvimento.
Fundada em dezembro de 1985, no distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), a empresa iniciou a parceria com o BNDES em 2002, quando o Banco, por meio da subsidiária BNDES Participações (BNDESPAR), aceitou o convite para investir no empreendimento, adquirindo uma participação de 20%. Maior fabricante de insumos farmacêuticos ativos da América do Sul, a Nortec Química faturou R$ 208 milhões no ano passado e conta hoje com um quadro de 274 funcionários, dos quais mais de 62% possuem diploma de graduação.
Com capacidade para produzir anualmente 340 toneladas de princípios ativos, a empresa tem hoje 248 clientes distribuídos em 46 países, entre fabricantes de medicamentos de marca e genéricos, além de laboratórios públicos. Graças à política de governança implementada pelo BNDES, a Nortec está listada no Bovespa Mais, segmento da B3 que busca fomentar o acesso de pequenas e médias empresas ao mercado de capitais, e se prepara para realizar sua primeira oferta pública de ações (IPO).
Desde 2005, o BNDES vem financiando a ampliação da capacidade produtiva da empresa e o desenvolvimento de novos produtos, somando R$ 64,3 milhões contratados até o mês passado, em seis operações de crédito. Dos 50 insumos farmacêuticos ativos que constituem o atual portfólio da Nortec, 27 contaram com apoio do Banco. São analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, medicamentos para o sistema nervoso central, antivirais, broncodilatadores, descongestionantes, remédios para o coração e antialérgicos, entre outros. A empresa parte de derivados tóxicos e cancerígenos da gasolina, como benzeno, tolueno e xilenos, para produzir anestésicos e tranquilizantes como clonazepan (Rivotril) e midazolam (Dormonid).

Histórico – A Nortec surgiu no início da década de 80 por meio de um convênio de cooperação tecnológica entre a Nordeste Química SA (Norquisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para fazer no País uma indústria autóctone de insumos farmacêuticos. Única no Brasil, a empresa tem similares apenas na Alemanha, na Itália, nos EUA e no Japão. “Sem a Nortec Química, não há odontologia no País, não há ambulatórios, não há cirurgia, nem há programa antiaids, porque toda a produção de antirretrovirais para HIV vem da Nortec”, garante o presidente do conselho da empresa, Alberto Mansur.
Maior produtora mundial de anestésicos locais, como a lidocaína (xilocaína), a Nortec conquistou certificação da Food and Drug Administration (FDA) e já está explorando esse nicho dos EUA. A empresa é ainda a única produtora no mundo de propiltiouracil, para quem sofre da tireoide, e de benzonidazol, para doença de Chagas. É também a única produtora no mundo de tiabendazol em grau farmacêutico, contra fungos e outros parasitas que atacam a pele. Produz também dicloroetilamina, para filariose. Outro produto de destaque é a espironolactona, que vem da fermentação da soja, o fármaco mais importante para uso cardiológico.
Para entrar na área de produtos oncológicos, a Nortec construindo a sexta planta com financiamento de R$ 32 milhões do BNDES e R$ 30 milhões da Finep. Atualmente, o Brasil importa as drogas anticâncer já formuladas e finais. A Nortec fornecerá a molécula ativa, que será obtida a partir do açúcar, de onde vem os medicamentos antiaids, ou da soja.
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