Fontes de Recursos
Última atualização: 19 de março de 2021
Para financiamento de longo prazo e investimentos em todos os segmentos da economia brasileira, o BNDES dispõe de diversas fontes de recursos, apresentadas no gráfico abaixo.
Fontes governamentais, como o FAT e o Tesouro Nacional, representam parcela significativa da estrutura de capital do BNDES, respondendo por 65,6% dos recursos totais em 31 de dezembro de 2020 (67,3% em 31 de dezembro de 2019).
Recursos de outros fundos governamentais – como do Fundo da Marinha Mercante (FMM), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de seu fundo de investimento (FI-FGTS); captações externas – via organismos multilaterais ou emissão de títulos (bonds); e emissões privadas de Letras Financeiras completam a estrutura de capital do BNDES.
Abaixo é apresentada uma visão geral das principais fontes de recursos do BNDES em 31 de dezembro de 2020:
Fontes governamentais
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e Fundo PIS-PASEP
Desde 1988, a Constituição Federal determinou que parte da arrecadação do PIS-PASEP deveria ser destinada ao financiamento de programas de desenvolvimento econômico através do BNDES, para não apenas proteger o trabalhador desempregado, mas também para gerar oportunidades de emprego. Em 1990, com a extinção do Fundo PIS-PASEP e a criação do FAT, essa arrecadação passou a ser destinada ao FAT, que passou a representar a principal fonte de recursos do BNDES. Trata-se de fonte com custos compatíveis com o financiamento de longo prazo de investimentos em atividades produtivas. Atualmente, 28% da arrecadação do PIS-PASEP destinada ao FAT é transferida ao BNDES.
Os recursos captados por meio dessa previsão constitucional são identificados como “FAT Constitucional” e são remunerados da seguinte forma, a partir do advento da Lei Nº 13.483/2017, de 21 de setembro de 2017:
- quando aplicados em operações de financiamento: no caso de financiamentos em reais pela TJLP e, para operações contratadas a partir de 1º de janeiro de 2018, pela TLP; no caso de financiamentos à exportação, pela Libor mais variação do dólar;
- enquanto não aplicados em operações de financiamentos: pela Selic média descontada do percentual de 0,09% a.a.
Como não há previsão de devolução de principal – salvo em caso de insuficiência de recursos do Fundo, em cada exercício, para custear o programa de seguro-desemprego, o pagamento do abono salarial, o financiamento de programas de educação profissional e tecnológica, mas apenas o pagamento mensal de juros sobre os recursos não aplicados, e semestral sobre aqueles aplicados, o saldo do FAT Constitucional é considerado dívida subordinada, e parte dele é computada no cálculo do Patrimônio de Referência do BNDES. Entretanto, por meio da Resolução CMN n.º 4.679, de 31 de julho de 2018, posteriormente revogada pela Resolução CMN nº 4.851, de 27 de agosto de 2020, o montante relativo ao FAT reconhecido no Capital de Nível II do Patrimônio de Referência ficou limitado ao valor registrado em 30 de junho de 2018, sendo estabelecido um cronograma de redução gradual de 10% ao ano, a partir de 1º de janeiro de 2020, até sua completa exclusão em 2029.
Outra característica dos recursos do FAT Constitucional é o fato do BNDES ter livre decisão sobre a aplicação dos seus recursos, desde que seja em programas de desenvolvimento econômico, conforme determina a Constituição Federal.
Além das transferências constitucionais, o BNDES capta recursos do FAT sob a forma de depósitos especiais, denominado “FAT Depósitos Especiais”, que são remunerados atualmente pela TLP a partir da liberação dos empréstimos aos beneficiários finais e pelos mesmos critérios aplicados às disponibilidades de caixa do Tesouro Nacional, atualmente a taxa Selic, no caso de recursos ainda não liberados aos beneficiários finais. Além da remuneração, é devida amortização mensal.
Os recursos captados como “FAT Depósitos Especiais” são aplicados em programas e setores específicos, previamente determinados e aprovados pela Secretaria Executiva do Conselho Deliberativo do FAT.
O saldo de recursos do FAT era de R$ 315,0 bilhões em 31 de dezembro de 2020. Desse total, R$ 307,8 bilhões constituíam o FAT Constitucional e R$ 7,2 bilhões o FAT Depósitos Especiais. Em 2020 foram captados R$ 17,1 bilhões de recursos do FAT Constitucional e R$ 800 milhões em Depósitos Especiais do FAT, na primeira captação nessa modalidade desde 2013.
Em maio de 2020, houve a transferência integral dos recursos do Fundo PIS/PASEP, no montante de R$ 20,7 bilhões, para a Caixa Econômica Federal, conforme MP 946/20, de 07/04/2020, que determinou a extinção do Fundo PIS-PASEP e a transferência de seus recursos para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como uma das medidas do Governo Federal para enfrentamento do estado de calamidade pública decorrente da pandemia do COVID-19.
Saiba mais sobre o FAT e sobre PIS-PASEP.
Notas Explicativas 11.1, 11.2 e 13.1 - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Tesouro Nacional
Em 31 de dezembro de 2020, as obrigações com o Tesouro Nacional totalizavam R$ 195,3 bilhões, equivalente a 25,1% do passivo total (27,4% em 31/12/19). Deste total, R$ 36,8 bilhões (18,9%) correspondem a instrumentos elegíveis a capital principal, que compõem o Patrimônio de Referência e cuja remuneração está atrelada a fatores como a existência de lucro contábil e o montante de dividendos pago ao acionista, R$ 2 bilhões (1,0%) a recursos destinados a execução dos programas emergenciais de combate ao COVID-19, PESE – Programa Emergencial de Suporte a Empregos e PEAC - Programa Emergencial de Acesso ao Crédito, e R$ 156,5 bilhões ( 80,1%) correspondem a operações de repasses.
O PESE tinha o objetivo de fornecer crédito emergencial para empresas com faturamento superior a R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 10 milhões, calculado com base no exercício de 2019, exclusivamente para pagamento da folha de salários de funcionários. Já o PEAC foi criado com o objetivo de apoiar as pequenas e médias empresas, associações, fundações de direito privado e cooperativas, excetuadas as cooperativas de crédito, e grandes empresas que atuem nos setores da economia mais impactados pela pandemia.
O Tesouro Nacional disponibilizou R$ 22 bilhões ao BNDES para a execução desses Programas, dos quais R$ 9,8 bilhões foram desembolsados e R$ 10,2 bilhões retornados à União.
Mais informações sobre esses Programas podem ser encontradas em https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/programa-emergencial-de-suporte-a-empregos e https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/peac.
Em 2020, foram realizadas amortizações ordinárias e pagamento de juros ao Tesouro Nacional, no total de R$ 16,0 bilhões. As liquidações antecipadas realizadas desde 2015 somam R$ 409,0 bilhões.
Conheça detalhes sobre as captações e aplicações dos recursos do Tesouro Nacional.
Notas Explicativas 19.2.2 e 19.2.3 - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Captações externas
Além de diversificar e complementar as fontes de recursos, as captações externas permitem diluir riscos, incentivar outros emissores brasileiros e estreitar o relacionamento com a comunidade financeira internacional.
Desde 1953, o BNDES capta recursos no mercado internacional por meio de operações de emissão de bonds e, desde 1972, através de empréstimos junto a organismos multilaterais, agências governamentais e outras instituições.
Emissão de títulos externos - bonds
Os bonds emitidos pelo BNDES têm juros prefixados determinados em processo de bookbuilding e amortização de principal em parcela única. Sua principal vantagem é não determinar a destinação dos recursos, permitindo a ampliação no escopo de atuação do BNDES.
O saldo com obrigações com emissões de bonds em 31 de dezembro de 2020 totalizou R$ 8,4 bilhões, influenciado pela variação cambial positiva e pela amortização de principal no período. Não foram realizadas novas emissões de bonds em 2020.
Veja mais informações sobre os títulos externos emitidos pelo BNDES.
Nota Explicativa 10.1.b - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Operações com instituições multilaterais e agências governamentais
As captações junto a organismos multilaterais e agências governamentais são realizadas com instituições parceiras como Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Japan Bank for International Cooperation (JBIC), Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), Nordic Investment Bank (NIB), China Development Bank (CDB), Agence Française de Développement (AFD), Swedish Export Credit Corporation (SEK) e Instituto de Crédito Oficial (ICO).
Diferentemente dos recursos captados nas emissões de bonds, os recursos captados junto a essas instituições têm, geralmente, destinação específica a setores ou segmentos empresariais e devem atender às condições da instituição credora.
As principais vantagens dessas fontes são custo estável e prazo de financiamento mais longo em relação às captações de mercado, além de seu caráter anticíclico. Em momentos de escassez de recursos, marcados por crises internacionais ou por crises cambiais, os organismos mantiveram o nível de concessão de seus empréstimos.
O saldo dos empréstimos com instituições multilaterais e agências governamentais totalizou R$ 27,0 bilhões em 31 de dezembro de 2020, influenciado por variação cambial e ingresso de R$ 3,8 bilhões do BID no último trimestre, atenuado por amortização de principal no período.
Nota Explicativa 10.1.d - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Outras fontes governamentais
Historicamente, o BNDES capta recursos através de fundos governamentais, na busca por fontes alternativas de recursos para apoio a projetos de investimento de longo prazo.
Em 31 de dezembro de 2020, o saldo total de outras fontes governamentais era de R$ 34,7 bilhões, cujos saldos mais relevantes são discriminados a seguir.
Fundo de Marinha Mercante (FMM)
Destinado a prover recursos para o desenvolvimento da Marinha Mercante Nacional, bem como, complementarmente, para a construção de navios auxiliares e hidrográficos ou oceanográficos para a Marinha do Brasil, objetivando o atendimento das necessidades e segurança do transporte hidroviário.
Em 31 de dezembro de 2020, o montante de recursos do FMM disponível junto ao BNDES e de aplicações em operações de financiamento com risco BNDES alcançou R$ 25,8 bilhões.
Veja mais informações sobre a origem e a aplicação dos recursos financeiros oriundos do Fundo de Marinha Mercante.
Nota Explicativa 10.1.c - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
FI-FGTS (Fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
Em dezembro de 2008, o BNDES realizou emissão privada de 700.000 debêntures mediante subscrição exclusiva pelo FI-FGTS, representado por sua administradora, a Caixa Econômica Federal. As debêntures têm remuneração de 6% a.a. e vencimento em outubro de 2029.
Os recursos captados foram destinados à aplicação em projetos de construção, reforma, ampliação ou implantação de empreendimentos de infraestrutura em rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, energia, saneamento e aeroportos.
O saldo dos recursos em 31 de dezembro de 2020 era de R$ 1,6 bilhão.
Nota Explicativa 14.1 – DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
Em 2008, para pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio referente aos exercícios de 2006 e 2007 ao Tesouro Nacional, o BNDES adquiriu, mediante financiamento, títulos públicos federais junto ao FGTS. O empréstimo tem atualização pela Taxa Referencial (TR), taxa de juros de 4,8628% a.a. e vencimento em dezembro de 2026.
O saldo dos recursos em 31 de dezembro de 2020 era de R$ 2,2 bilhões.
Nota Explicativa 10.1.a – DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Veja mais informações sobre a origem e a aplicação dos recursos financeiros oriundos de Fundos Governamentais.
Outras obrigações
Dentro desse grupo, têm mais relevância as captações no mercado interno, entre as quais se destaca as Letras Financeiras.
Letras Financeiras
Em 2018, o BNDES realizou a primeira emissão de Letras Financeiras, como parte da estratégia de desenvolvimento de novos instrumentos de captação de mercado, em complemento às fontes tradicionais de recursos para fazer frente às necessidades de seu orçamento de investimentos e desembolsos no futuro. A operação buscou também diversificar a base de investidores e preparar progressivamente o Banco para atuar como emissor mais frequente no mercado local. Foram feitas duas emissões, em maio e em dezembro de 2018, com prazo de vencimento de dois anos, que foram amortizadas no fim de 2020.
Em outubro, o BNDES levantou recursos com a emissão da Letra Financeira Verde que serão utilizados no financiamento de projetos com esses princípios. Esta emissão, realizada integramente no mercado doméstico brasileiro, possui vencimento de dois anos e taxa de CDI + 0,45% ao ano. O saldo em 31 de dezembro de 2020 era de R$ 1 bilhão.
Nota Explicativa 14.2 - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
Fundo Amazônia (FA)
Em 31 de dezembro de 2020, o total de recursos do Fundo Amazônia, destinados ao financiamento de projetos para prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, era de R$ 3,6 bilhões, líquido da parcela de 3% destinada à cobertura de custos.
Veja mais informações sobre os recursos financeiros oriundos do Fundo Amazônia.
Patrimônio Líquido
Em 31 de dezembro de 2020, o patrimônio líquido totalizou R$ 113,0 bilhões, refletindo o aumento do lucro líquido no período (R$ 20,7 bilhões), atenuado pela redução do ajuste de avaliação patrimonial, líquido de tributos (R$ 7,6 bilhões) e o registro dos dividendos mínimos obrigatórios referentes ao exercício de 2020 (R$ 4,9 bilhões).
Nota Explicativa 18 - DFs BNDES Dez/20 (PDF - 1,4 MB)
As Notas Explicativas do Sistema BNDES estão disponíveis aqui.