Legado das Águas ajuda a proteger a Mata Atlântica gerando benefícios para a população local
Publicado em 10.12.2020
Situado numa extensa área de 31 mil hectares, o Legado das Águas constitui a maior reserva privada de Mata Atlântica do país. Localizada na região sul do estado de São Paulo, a reserva abriga uma densa floresta onde estão preservadas diversas espécies de animais e plantas, que são estudados e protegidos.
Criado pela Reservas Votorantim, o projeto obteve financiamento de R$ 43 milhões do BNDES (sendo R$ 30,2 milhões do Fundo Clima, R$ 10,8 milhões da Linha de Meio Ambiente e R$ 2,0 milhões da linha BNDES Florestal). Com ações voltadas para o desenvolvimento territorial, o Legado das Águas apoia ainda as comunidades tradicionais das regiões ribeirinhas e incentiva o turismo e o desenvolvimento dos municípios onde está localizado.
O projeto tem suas origens há mais de 50 anos, quando a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), subsidiária da Votorantim, deu início à construção de hidrelétricas ao longo do rio Juquiá. De modo a preservar os recursos hídricos, a CBA começou a adquirir as terras no entorno das hidrelétricas, dando origem à área onde hoje está o Legado das Águas.
A reserva utiliza o conceito de uso múltiplo da terra, que consiste em compreender os diversos potenciais de uma localidade e propor ações conjugadas de desenvolvimento, integrando empresa, comunidade, pesquisadores e governos. Tudo tendo como premissa a sustentabilidade econômica do território. “O Legado das Águas se encontra na área com o maior contínuo de Mata Atlântica do Brasil. Além disso, é um ativo ambiental que gera benefícios e desenvolvimento para as pessoas numa região que tem o menor IDH do estado de São Paulo”, afirma Márcio Macedo, integrante da equipe do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia, responsável pela acompanhamento do projeto no BNDES.
Do turismo à ciência
O projeto viabiliza diversos produtos e serviços que, além de abrir o Legado das Águas para a sociedade, ajudam a gerar receitas para sua sustentabilidade econômica. Entre esses produtos, destacam-se o ecoturismo, o viveiro de espécies florestais e a Floresta Digital.
O ecoturismo é uma das formas de se desfrutar o encontro com a natureza. Na reserva é possível observar aves, andar de bicicleta, caminhar pelas trilhas ou navegar pelas águas dos reservatórios ao longo do rio Juquiá. As atrações incluem trilha para cadeirantes e um jardim sensorial para deficientes visuais. Para os que desejarem estender a visita, a reserva oferece pousada, camping e restaurante.
Já o viveiro de plantas nativas é uma estrutura com capacidade produtiva de 200 mil mudas por ano e pode fornecer mudas para recomposição florestal de Mata Atlântica, paisagismos inovadores que contribuam para certificações de sustentabilidade de prédios e construções, ou reflorestamento de centros urbanos.
Outro produto da reserva, a Floresta Digital, compõe o maior banco de dados digital da Mata Atlântica, com DNA de 57 plantas nativas já sequenciados. O trabalho de pesquisa aplicada realizado permite acesso a recursos genéticos de espécies raras e com alto potencial de desenvolvimento tecnológico. Aliás, a pesquisa científica tem andado a passos largos no Legado onde, até o momento, já foram catalogadas mais de 1.700 espécies de plantas e animais.
O Legado das Águas também oferece cursos e workshops, locação do espaço para filmagens e gravações. A reserva está também disponível para fins de atendimento ao Código Florestal por parte de proprietários rurais com déficit de Reserva Legal, dado o excedente de matas nativas preservadas na área.
Desenvolvendo o território
Os benefícios sociais gerados pelos projetos são sempre fundamentais para o apoio do BNDES. No caso do Legado das Águas, existem dois focos de atuação que impactam diretamente na melhoria de vida da população que reside tanto dentro da reserva como nos municípios do seu entorno. O primeiro deles está relacionado a uma comunidade que fica dentro da própria reserva. É a Comunidade Cabocla de Ribeirão da Anta. Cercada por belezas naturais que incluem cachoeiras e uma fauna e flora exuberantes, a comunidade é guardiã de uma cultura antiga e riquíssima.
“Ela estava definhando, praticamente esquecida. Ajudamos os moradores a conquistarem o reconhecimento legal como comunidade tradicional e a recuperarem uma área que permitiu que voltassem a ter acesso à água. Hoje a comunidade é um ponto de visitação turística dentro da reserva, que resgata a cultura do caboclo da região e permite a venda de produtos alimentícios e peças artesanais fabricadas pelos moradores” informa David.
O segundo foco está no apoio ao desenvolvimento do turismo nos três municípios na região da reserva. Há quatro anos a instituição vem desenvolvendo o programa de apoio à gestão pública nos municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí. Esse programa visa contribuir para a elaboração de um plano de turismo regional capaz de formalizar e fomentar a atividade na região. O plano busca melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, bem como a infraestrutura e a organização do setor, aumentando assim a atração e a competitividade do turismo local.
O resultado desse trabalho já vem sendo percebido. Os três municípios obtiveram o título de cidade de interesse turístico, qualificação concedida pelo governo do estado de São Paulo. Além disso, até antes da deflagração da pandemia do Covid-19, o aumento do movimento de turistas foi significativo no Legado das Águas. Um ótimo começo para um projeto que promete mais conquistas – tanto para as pessoas quanto para a floresta.
Veja todas as medidas emergenciais que o BNDES tomou contra o coronavírus.