BIODIVERSIDADE E O SETOR DE CONSTRUÇÃO |
Entre 21 de outubro e 1o de novembro, ocorreu a 16a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP 16), em Cali, Colômbia.
Evento bienal – a última havia sido em 2022 –, a COP Biodiversidade envolve 196 países, sociedade civil organizada, academia, setor privado e outros atores para discutir a conservação da biodiversidade.
Na ocasião, o BNDES lançou seu compromisso e estratégia de atuação em favor da natureza e quer continuar ampliando essa discussão. Nesta série de newsletters, apresentamos desde os conceitos atrelados a biodiversidade até as oportunidades e desafios que o tema traz para o Brasil e, mais importante, a necessidade e relevância de agirmos juntos e rápido.
Este número abordará as dependências e impactos do setor de construção. Vamos?
Dúvidas ou sugestões? Escreva para gedit@bndes.gov.br. |
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Como vimos no último número, de modo a complementar as iniciativas locais e globais já em curso, é fundamental que as empresas ajam de forma responsável, buscando um compromisso com a transformação setorial, de modo a reduzir as pressões na natureza e na biodiversidade.
Vejamos como o setor de construção depende e impacta a natureza e as oportunidades para que essa transformação comece agora. |
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O ambiente construído – composto por edifícios, infraestrutura urbana, infraestrutura de transportes, infraestrutura marinha e costeira e cadeias de atividades upstream de mineração e extração – responde hoje por 40% das emissões totais de gases de efeito estufa (GEE). Segundo estudo do Boston Consulting Group de 2021, as cadeias de valor de infraestrutura contribuem para cerca de 25% da pressão na biodiversidade. Se a tendência de crescimento populacional for mantida, a área urbana pode crescer 1,2 milhão de km2 até 2030. A concretização dessa previsão e o consequente aumento de uso de água, produção de lixo e poluição trará pressões ainda maiores sobre a natureza e a biodiversidade. É preciso que o setor aproveite as oportunidades para reduzir seus impactos e restaurar a natureza, inclusive por meio de uma visão de circularidade nos sistemas de produção de materiais de construção e fluxos de resíduos. |
Quais as dependências do setor de construção em relação à natureza? |
Materiais
Água: utilizada ao longo de toda a cadeia para a extração de matérias-primas, produção de materiais de construção e atividades de construção propriamente ditas.
Hábitats naturais: são convertidos para abrigar novas edificações e infraestrutura.
Matérias primas: areia, cascalho, metais, madeira etc.
Serviços de regulação
Serviço de regulação climática em escala local, regional e global: importante para o conforto térmico nas edificações.
Serviço de proteção contra riscos naturais: prevenção contra inundações e tempestades, além de controle de erosão. |
Como impactos, podemos destacar:
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Mudanças climáticas: emissões de GEEs ocorrem em todas as etapas do processo de construção, com destaque para as etapas de produção de materiais de construção e de operação das construções (energia elétrica) ou infraestrutura (energia elétrica e combustíveis).
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Mudança de uso da terra e oceanos, com a possibilidade de degradação de hábitats naturais e ecossistemas em todas as etapas do processo, com destaque para as etapas de extração de materiais e de implantação (remoção de vegetação e manejo inadequado de resíduos, em especial). No caso da infraestrutura de transporte destaca-se a fragmentação de hábitats durante a implantação. A degradação ou não no entorno durante as fases de operação e manutenção depende de seu correto gerenciamento.
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Consumo de água durante todas as etapas, exceto demolição, e impactos sobre sua reposição (águas subterrâneas) devido a impermeabilização do solo.
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Poluição da água e do solo principalmente nas etapas de extração e produção de materiais de construção, podendo ocorrer também nas etapas de implantação e operação e, principalmente, na etapa de demolição caso não haja destinação adequada de resíduos.
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Quais são as oportunidades do setor? |
Evitar novas conversões de hábitats naturais, sejam eles terrestres, marinhos ou aquáticos, selecionando áreas já antropizadas para construção. Evitar em especial áreas protegidas ou de importância ecológica. Quando a modificação de hábitats for inevitável, adotar medidas para que o impacto resultante seja positivo, por meio da combinação de ações de mitigação e compensação.
Priorizar reúso e reformas a demolições, reduzindo o consumo de materiais e a geração de resíduos. Adotar abordagens circulares em novas edificações, com foco em edifícios e infraestrutura com vida útil mais longa.
Seleção de materiais e circularidade por meio da inserção de critérios relacionados à natureza nos processos de compra de matérias-primas, incluindo certificações de origem (ex: madeira), uso de materiais reciclados e reutilizados.
Adotar soluções baseadas na natureza (SBN): Adotar sempre que possível os métodos naturalmente utilizados por povos tradicionais na construção de abrigos ventilados e iluminados, observando a biodiversidade e o ecossistema local para integrar elementos naturais em construções novas ou já existentes – florestas urbanas, arborização e telhados verdes –, inclusive para combater as ilhas de calor em áreas urbanas (aumentados pela impermeabilização do solo). Riscos de inundação também podem ser reduzidos com uso de SBNs, por meio da restauração de zonas úmidas no entorno de cursos de água e outros sistemas de drenagem urbana sustentáveis. |
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No próximo número...
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Vamos falar sobre biodiversidade e o setor de saneamento.
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