Renda variável


O BNDES atua em renda variável por meio de sua subsidiária integral BNDES Participações S.A. – BNDESPAR, em complemento a seus produtos de financiamento. A BNDESPAR apoia empresas brasileiras de capital aberto ou fechado que possam ingressar no mercado de capitais, mediante a subscrição de ações, debêntures conversíveis ou permutáveis, cotas de fundo de investimento e outros valores mobiliários.

As companhias postulantes ao apoio financeiro com os instrumentos de renda variável devem apresentar perspectivas adequadas de retorno para o investimento, em condições e prazos compatíveis com o risco e a natureza de sua atividade. Além disso, como regra, essas companhias passam por uma análise ampla de sua atuação no que diz respeito à questão socioambiental.

O suporte da BNDESPAR está presente em todos os estágios de crescimento das companhias. Para as empresas semente, há o Fundo de Capital Semente Criatec. Nos casos de empresas nascentes e iniciantes, a BNDESPAR fornece apoio prioritariamente com os fundos de venture capital. Já os investimentos em empresas emergentes e maduras são feitos por meio dos fundos de private equity e apoio direto. No fim de 2012, a BNDESPAR apoiava de forma direta 175 empresas, além de participar como cotista de quarenta fundos de investimento, por meio dos quais apoiava 137 empresas. A figura a seguir ilustra a cadeia de crescimento das empresas, e as respectivas modalidades de apoio.

As empresas que já têm seu capital aberto podem contar com apoio mediante operações privadas estruturadas, que contam com flexibilidade de produtos, ou da participação da BNDESPAR em ofertas públicas.

A atuação da BNDESPAR segue as diretrizes estratégicas do Sistema BNDES e visa apoiar os processos de capitalização, desenvolvimento, consolidação e internacionalização de empresas brasileiras e o reforço de suas estruturas de capital e posicionamento estratégico, induzindo a adoção das melhores práticas de sustentabilidade, o fortalecimento da capacidade inovadora e da governança empresarial.

As participações societárias são de caráter minoritário, com especial atenção para a formação de liquidez dos ativos, visando à reciclagem dos recursos, e a estratégia de gestão dos ativos é baseada na criação de valor em longo prazo e na otimização da relação entre risco e retorno de toda a carteira.

PARTICIPAÇÃO, FUNDOS E PROGRAMAS DE CAPITALIZAÇÃO

Ilustração mostra  a atuação do BNDES em participações, fundos e programas de capitalização. Capital Semente “seed”. Criatec. Empresas nascentes “start-ups”. Empresa iniciantes “early-stage”. Fundos de Venture Capital. Empresas emergentes Listagem e abertura Bovespa Mais e Participação Direta e Fundos de Private Equity. Empresas maduras. Mercado de Capitais: Ofertas públicas primárias, secundárias e Ofertas Públicas Iniciais (I P O s).

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O valor de mercado da carteira de investimentos em renda variável do Sistema BNDES encerrou o ano em R$108 bilhões[19].  Como tem ocorrido nos últimos anos, um dos destaques da atividade de renda variável foi o volume de remuneração recebida, importante fonte de recursos para o Sistema BNDES. A remuneração abrange dividendos, juros sobre o capital próprio e juros de debêntures, e evoluiu até 2012 conforme gráfico a seguir.

Remuneração. 2006: 2 bilhões. 2007: 2,2 bilhões. 2008: 2,4 bilhões. 2009: 3,6 bilhões. 2010: 4,3 bilhões. 2011: 5,6 bilhões. 2012: 5,2 bilhões.

Vale destacar que o valor da remuneração manteve-se elevado e alcançou R$ 5,2 bilhões, mesmo em um ano de atividade econômica menos aquecida, evidenciando a qualidade dos ativos que compõem a carteira.

FUNDO ECOO11 – APOIO AO DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E À AGENDA DA SUSTENTABILIDADE

Importante aspecto da atuação do Sistema BNDES diz respeito ao fortalecimento e à modernização do mercado de capitais brasileiro, com o acréscimo da oferta de valores mobiliários, do desenvolvimento de novos produtos para os investidores e com a democratização da propriedade do capital de empresas. Nesse sentido, e de forma a apoiar a agenda da sustentabilidade, o BNDES uniu esses dois importantes objetivos institucionais em uma única ação, o lançamento do Fundo ECOO11 no mês de junho de 2012, no montante de R$ 1 bilhão. A Oferta Pública de Quotas do ECOO11, fundo de índice cujas ações em carteira replicam a composição do Índice Carbono Eficiente (ICO2), foi integralmente colocada no mercado de capitais nacional e teve como foco a distribuição para o investidor de varejo, que contou com garantia do capital investido até R$ 25 mil, atingindo mais de 14 mil CPFs (aproximadamente 30% do total da oferta).

Apesar de um cenário de incerteza e volatilidade no mercado, reflexo da crise na Europa, a oferta de quotas do ECOO11 foi a maior operação no mundo envolvendo um fundo de índice ligado à questão das mudanças climáticas, contribuindo para a divulgação do ICO2 e para o desenvolvimento do mercado de fundos de índice no Brasil (também conhecidos como Exchange Traded Funds – ETF).

Desenvolvido pelo BNDES e pela BM&FBovespa, o ICO2[20],  lançado em 2010, leva em consideração, na composição de sua carteira teórica[21],  o grau de eficiência de emissões de gases de efeito estufa das empresas, além do free float (ações em circulação). O gráfico a seguir apresenta a evolução do ICO2 em comparação com outros índices do mercado brasileiro:

Gráfico mostra ICO2 versus índices Ibovespa, I S E, I B R X 50, e I B R X 100.

APOIO À INOVAÇÃO

Uma ação estratégica do Banco, em 2012, alinhada ao apoio à inovação e ao aumento da competitividade das empresas brasileiras, foi a expansão da indústria de venture capital no país. Neste ano, o Banco aprovou dois fundos nesse segmento, dos quais, o primeiro deles dedicado a TI (TIC) e outro multissetorial com foco em inovação (Transversal), além de dois novos fundos de capital semente (Criatec II e III).

Os fundos de venture capital (TIC e Transversal) objetivam apoiar o empreendedorismo e explorar as oportunidades de investimentos em empresas inovadoras do setor de tecnologia da informação e comunicação e empresas de diversos setores consideradas propulsores de inovação, tais como: petróleo e gás, bens de capital, energias renováveis, nanotecnologia, fármacos, biotecnologia, novos materiais, entre outros.

Os fundos de capital semente (Criatec II e III) terão um patrimônio comprometido de, no mínimo, R$ 170 milhões, e serão voltados para investimentos em empresas inovadoras com faturamento líquido anual inferior a R$ 10 milhões. Nos próximos cinco anos, espera-se investir em, pelo menos, 72 empresas inovadoras distribuídas pelas cinco regiões do Brasil, mediante os fundos Criatec II e III.

Visando ampliar as fontes de captação de recursos de longo prazo também para empresas inovadoras de crescimento acelerado a partir do fortalecimento e da democratização do mercado de capitais brasileiro, deu-se ênfase ao desenvolvimento de novos segmentos de mercado, ou mercados alternativos. Nesse processo, destaca-se a listagem da Senior Solution, empresa de TI com foco no setor financeiro, que realizou seu processo de registro de companhia aberta no segmento diferenciado Bovespa Mais, em maio de 2012, movimento que foi incentivado e acompanhado pelo BNDES.

Operações em destaque no ano

O Plano Brasil Maior apontou setores estratégicos para os quais a atenção do BNDES é essencial, no que diz respeito ao desenvolvimento nacional, além de representarem grandes oportunidades de investimento.

Foram definidos, em 2012, os seguintes setores como prioritários para o apoio por meio de renda variável: infraestrutura e cadeia associada, energias renováveis, cadeia de óleo e gás, tecnologia da informação e comunicação (TIC), biotecnologia e ciências da vida, etanol de segunda geração e química verde.

No que tange aos investimentos nos setores priorizados, destacam-se as seguintes operações de apoio direto da BNDESPAR no ano de 2012:

Aprovação do investimento de R$ 245 milhões na Six Semicondutores S.A. pela subscrição de ações representativas de 33,1% do seu capital. A Six é uma empresa nascente dedicada ao projeto, fabricação e comercialização de circuitos integrados. A operação promoverá alteração radical no complexo eletrônico brasileiro, viabilizando o adensamento da cadeia de semicondutores e da cadeia industrial que utiliza eletrônica. Trata-se de um projeto pioneiro, no Brasil, em indústria de alta prioridade, elevada demanda internacional e oferta nacional praticamente nula. Envolve o desenvolvimento de tecnologia nacional complexa e será a fábrica mais avançada do hemisfério sul.

Na área de ciências da vida, destaca-se a operação da Recepta, cujo apoio por meio de participação acionária, no valor de R$ 28,9 milhões, foi destinado a P&D de substâncias para o tratamento de câncer por rota biotecnológica em patamar tecnológico inédito para o Brasil. A Recepta é a empresa de P&D em estágio mais avançado, no Brasil, da produção de anticorpos monoclonais (“MAb”), proteínas altamente inovadoras fabricadas em laboratório para desenvolvimento de medicamentos mais eficazes no tratamento do câncer, cujo êxito no desenvolvimento contribuirá para a redução da vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde a baixas alternativas de tratamento, para a ampliação do acesso da população brasileira a tratamentos mais eficazes contra o câncer e para a redução do déficit da balança comercial.

No âmbito do desenvolvimento dos segmentos de química verde e etanol de segunda geração, foi aprovado o investimento de R$ 600 milhões na empresa Graal Bio Investimentos S.A., para a implantação de unidades de produção de etanol celulósico e bioquímicos e P&D de tecnologias relacionadas ao processo de conversão de biomassa lignocelulósica. A Graal Bio tem por estratégia atuar de maneira integrada na cadeia de conversão de biomassa em biocombustíveis e bioquímicos, tornando-se uma plataforma nacional de aplicação e desenvolvimento de tecnologia de ponta nesses segmentos.

Em agosto, a BNDESPAR subscreveu R$ 261 milhões em ações emitidas pela Renova Energia S.A. Os recursos têm como destinação a implantação do plano de negócios da companhia, que consiste na construção de parques de energia eólica no interior do estado da Bahia, bem como o desenvolvimento de outros projetos, incluindo em energia solar. Vale ressaltar a importância social do apoio à Renova, pois seus parques eólicos estão sendo instalados em municípios do semiárido baiano (Guanambi, Caetité, Pindaí e Igaporã) com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média do Brasil, do Nordeste e até da própria Bahia. A presença da companhia na região também atua como forte dinamizador da economia local, gerando empregos e renda aos habitantes da região. Outro aspecto bastante relevante dessa operação é o apoio financeiro da BNDESPAR à ampliação da utilização de energia limpa e renovável na matriz energética brasileira.

Foram subscritas pela BNDESPAR debêntures conversíveis de emissão da Duratex S.A., totalizando R$ 64 milhões. A companhia é a maior produtora de painéis de madeira industrializada, louças e metais sanitários do hemisfério sul e, em 2012, foi escolhida para integrar o Índice Mundial de Sustentabilidade Dow Jones. O apoio do Sistema BNDES também envolveu financiamentos no valor de R$ 205 milhões. Os recursos tiveram como destinação o apoio a investimentos fixos na unidade industrial de Itapetininga, no estado de São Paulo, com destaque para a implantação de nova linha de produção de painéis de fibra de madeira reconstituída de média densidade (MDF) e o reforço da estrutura de capital da Duratex. Tais investimentos vão gerar mais de duzentos empregos na região e melhorar a produtividade da companhia.

Em julho, a BNDESPAR subscreveu units na distribuição pública primária da Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Taesa), totalizando um investimento de R$ 195 milhões. O objetivo da oferta foi apoiar a estratégia de crescimento da companhia, que contempla: aquisições de empreendimentos de transmissão de energia elétrica já existentes, obtenção de concessões para exploração de novos empreendimentos em leilões públicos e projetos de reforço das linhas de transmissão da Taesa. Essa operação apoia investimentos no estratégico setor de energia elétrica e cria valor para a carteira de valores mobiliários da BNDESPAR, ao somar a ela um ativo com alta distribuição de proventos, baixo risco e liderança em seu setor de atuação.

19. Os indicadores da carteira de investimentos de renda variável do Sistema BNDES consideram, além da carteira de títulos e valores mobiliários da BNDESPAR, as participações acionárias de propriedade do próprio BNDES e da FINAME.

20. BNDES e BM&FBovespa receberam o prêmio ALIDE Verde pelo desenvolvimento do ICO2. Detalhes sobre essa premiação estão em Atuação institucional.

21. Atualmente a carteira do índice é composta por 36 ações referentes a 35 empresas de diversos setores.