Banco reúne economistas para discutir agenda do desenvolvimento
Economistas de várias tendências reunidos nesta quarta-feira (10/8) em seminário promovido pelo BNDES, discutiram alternativas para a queda mais rápida das taxas de juros - condição apontada em consenso como fundamental para o crescimento sustentado da economia brasileira, em níveis desejáveis acima do 5% ao ano.
Segundo o presidente do Banco, Guido Mantega, com taxa de expansão do PIB de 3,5%, prevista para este ano, o país está muito abaixo de seu potencial de crescimento. Ele acredita que o Brasil apresenta hoje "condições excepcionais" (entre elas, inflação sob controle, queda na relação dívida/PIB, redução da vulnerabilidade externa, com elevados saldos comerciais) para um crescimento sustentado e mais vigoroso. "O que fazer para que a economia brasileira decole e ganhe velocidade de cruzeiro?", indagou.
Para Mantega, é preciso maior qualidade no ajuste fiscal, com redução nos gastos de custeio e aumento no nível dos investimentos públicos em infra-estrutura.
Mantega fez questão de ressaltar que as propostas debatidas durante o seminário, voltadas para o aperfeiçoamento da política monetária, não representam críticas à atual política econômica. Para ele, existe hoje um consenso no governo, inclusive na área econômica, da necessidade de redução dos juros. A questão, contudo, é "como fazer isso de forma responsável e equilibrada ", disse.
O encontro promovido pelo BNDES é uma contribuição ao debate nacional sobre o desenvolvimento econômico brasileiro. "É importante porque coloca a agenda do desenvolvimento na ordem do dia", afirmou, lembrando que o debate nacional em torno do tema crescimento e desenvolvimento foi iniciado com a proposta de déficit nominal zero do ex-ministro Delfim Neto (apresentada na semana passada pelo economista à diretoria do BNDES). Mantega disse concordar com a possibilidade de um ajuste fiscal maior e mais qualitativo, que implique um choque de gestão, com corte de custeio e ampliação dos investimentos públicos.
O diretor da área de Planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro, também participante do seminário, considerou "medíocre" o crescimento esperado de 3,5% este ano e disse que economia somente crescerá a taxas superiores a 5% com maior nível de investimentos público e privado, com a instalação de novas plantas industriais. Para ele, as elevadas taxas de juros estão postergando investimentos.
Além de diretores do BNDES, participaram do seminário os economistas Antonio Carlos Kfouri Aidar (FGV/SP), Antonio Corrêa de Lacerda (PUC/SP), Antonio Henrique Pinheiro Silveira (Ministério do Planejamento e Orçamento), Antonio José Alves Junior (UFRRJ), Fernando Cardim de Carvalho (UFRJ), Francisco Vignoli (FGV/SP) Gilberto Tadeu Lima ( USP), João Paulo dos Reis Velloso (Inae), José Francisco Graziano da Silva (Unicamp). Julio Sergio Gomes de Almeida (IEDI), Ricardo Bielschowsky (Cepal) e Yoshiaki Nakano (FGV/SP).