Emissão de debêntures do BNDES atinge recorde de R$ 2 bilhões
O BNDES, por meio da BNDESPAR, concluiu nesta sexta-feira, 17, a maior oferta de debêntures simples já realizada pela instituição. O volume da emissão atingiu R$ 2,025 bilhões, e a demanda pelos papéis alcançou R$ 5,5 bilhões, sendo mais de R$ 3 bilhões direcionados para a grande inovação da oferta: a série flutuante estruturada como a Libor brasileira.
• Série inovadora, indexada à Libor brasileira, tem demanda de R$ 3 bilhões
O BNDES, por meio da BNDESPAR, concluiu nesta sexta-feira, 17, a maior oferta de debêntures simples já realizada pela instituição. O volume da emissão, a quinta realizada pelo Banco, atingiu R$ 2,025 bilhões, e a demanda pelos papéis alcançou o expressivo montante de R$ 5,5 bilhões, sendo mais de R$ 3 bilhões direcionados para a grande inovação da oferta: a série flutuante estruturada como a Libor brasileira.
A operação busca, fundamentalmente, contribuir para o desenvolvimento do mercado local de capitais e se insere também na estratégia de diversificação de funding do BNDES.
A operação consolida a ação da BNDESPAR como emissor freqüente no mercado local de dívida corporativa, tendo mantido várias das características já tradicionais em suas ofertas públicas anteriores. Nesta emissão, a principal inovação introduzida foi a estruturação e o lançamento bem sucedido de série no formato da Libor brasileira, com remuneração flutuante sem indexação ao CDI.
Dessa forma, a operação está em sintonia com as medidas de estímulo ao mercado de capitais anunciadas na última quarta-feira pelo governo, nas quais o BNDES, em parceria com outros participantes do mercado, busca desenvolver indexadores mais adequados ao financiamento de longo prazo, em substituição ao CDI como principal referência no mercado de dívida corporativa.
Na estrutura inovadora desta oferta de debêntures, a remuneração é mantida fixa dentro de cada período de capitalização de juros, sendo redefinida trimestralmente com base na aplicação de um spread fixo sobre as taxas de juros de mesmo prazo (3 meses) negociadas na BM&F – a exemplo das estruturas baseadas na Libor praticadas no mercado financeiro internacional. Tal estrutura permite o alongamento do prazo de referência das taxas de juros relevantes para a remuneração das debêntures que, no Brasil, ainda são predominantemente vinculadas à variação diária do DI. O produto apresenta ainda outra vantagem, a flexibilidade para ajuste de duração (conversão para taxa fixa ou mesmo DI) em função da existência de contratos de derivativos para as datas de definição de juros.
A iniciativa buscou testar o uso da nova estrutura de taxa de juros flutuantes desvinculada do CDI. Ela oferece, desta forma, perfil de remuneração adequado aos investidores que demandam títulos em taxas flutuantes ao mesmo tempo em que demonstra a viabilidade da progressiva substituição da indexação das taxas de juros do overnight para taxas de maior prazo – aproximando o mercado local da prática internacional e superando a herança institucional do período de alta inflação, que inibe o desenvolvimento do mercado secundário de títulos corporativos.
A grande procura pela série flutuante fez com que a alocação fosse assim distribuída entre as três séries ofertadas: R$ 500 milhões para a série prefixada, R$ 1 bilhão para a série flutuante e R$ 525 milhões para a série em IPCA, tendo sido exercidas integralmente as opções de colocação das debêntures suplementares e adicionais em montante total de 35%. Essas quantidades revelaram-se os patamares mais eficientes com respeito aos custos de cada tranche e à liquidez dos papéis no mercado secundário.
No mais, destacam-se: a manutenção de oferta das séries em taxa prefixada e referenciada ao IPCA, alternativas de indexadores mais adequados ao financiamento do longo prazo; a pulverização junto a investidores, incluindo pessoas físicas, tendo sido as debêntures estruturadas para servir como alternativa eficiente de diversificação de aplicações acessível a pequenos poupadores; a contratação dos bancos coordenadores (Itaú, Banco do Brasil e Bradesco) para atuarem como formadores de mercado, com obrigação de garantir até o vencimento da operação a existência de ordens de compra e de venda em ambientes de negociação eletrônica, de forma a oferecer aos investidores institucionais e de varejo um mecanismo transparente para viabilizar a venda antes do vencimento e estimular liquidez secundária; a transparência nos preços das negociações secundárias cursadas em base eletrônica no BovespaFix e na CetipNet, havendo possibilidade para público institucional de negociação em mercado de balcão da Cetip; e a adesão à arbitragem como mecanismo de resolução de conflitos.
A primeira série oferece ao investidor uma taxa de juros de 12,51% ao ano, com pagamento único de juros e principal ao vencimento da série em janeiro de 2014. O rendimento foi equivalente a um spread de 0,3% na data do bookbuilding (processo de formação de preços) sobre o contrato de DI Futuro de mesmo vencimento e de 0,17% sobre o título equivalente do Tesouro (NTN-F).
A segunda série, operação que testou o conceito da estrutura da Libor brasileira, terá remuneração flutuante, com uma taxa fixa de três meses redefinida trimestralmente com base na sobretaxa de 0,30% ao ano a ser adicionada à taxa de juros dos contratos futuros de DI (negociados na BM&FBOVESPA) aplicáveis a cada período de capitalização trimestral, com pagamento único de juros e principal na sua data de vencimento em janeiro de 2014.
Já a terceira série conta com juros reais de 6,2991% ao ano, acrescida de atualização monetária pelo IPCA, e realizará pagamentos anuais de juros a partir de janeiro de 2013 até o vencimento da referida série em janeiro de 2017, quando também ocorrerá a sua amortização em parcela única. O rendimento equivaleu, também na data do bookbuilding, a uma diferença de 0,3% ao ano sobre a NTN-B de mesmo prazo.
A redução dos spreads relativamente aos tetos oferecidos para cada série (0,7% para as séries prefixada e vinculada ao IPCA e 0,9% para a série flutuante) reflete a atratividade da oferta, que teve sua formação de preço realizada em dia de bastante oscilação na curva da taxa de juros por conta do anúncio, naquele data, de alteração nas regras dos compulsórios.
O valor alocado a investidores de varejo (público prioritário da oferta) somou R$ 255,6 milhões, equivalente a 12,62% do volume total da oferta. A demanda desse público foi de cerca de R$ 335,4 milhões e não foi totalmente alocada por conta de limitação da taxa de juros mínima requerida por tais investidores.
É interessante ressaltar que algumas pessoas físicas enviaram ordens acima de R$ 500 mil, participando, assim, da oferta na qualidade de investidores institucionais. O volume que lhes foi alocado foi de R$ 303,7 milhões.
Essa oferta, portanto, principalmente pelo forte caráter inovador na sua estruturação, cumpriu mais uma vez com os objetivos do BNDES de contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais e consolidar a parceria com os participantes de mercado no propósito de abrir novos canais de financiamento do desenvolvimento do país.