BNDES aprova financiamento de R$ 974 milhões à Sadia S/A
. Empresa investirá R$ 442 milhões em recursos próprios
. Projeto prevê criação de 4.124 empregos diretos
. Aquisição de equipamentos nacionais abrange 72% dos custos fixos
. Serão instalados biodigestores em 3,2 mil propriedades rurais
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento ao grupo Sadia, no valor total de R$ 974 milhões, com previsão de abertura de 4.124 empregos diretos, elevando para cerca de 48.400 o número de funcionários do conglomerado, além de possibilitar a criação de milhares de empregos indiretos durante a fase das obras, a serem executadas em diversas regiões do País.
O investimento total dos projetos será de R$ 1,4 bilhão. A Sadia aplicará R$ 442 milhões com recursos próprios. Aproximadamente 72% dos custos fixos do projeto referem-se à aquisição de máquinas e equipamentos nacionais, fabricados por indústrias já credenciadas na linha Finame do BNDES.
Créditos - A operação, estruturada no âmbito do Programa de Financiamento a Empreendimentos (Finem), está dividida em três créditos distintos - dois para investimentos produtivos e o terceiro para um projeto social e ambiental do Instituto de Sustentabilidade Sadia.
Os dois primeiros financiamentos objetivam ampliar e modernizar unidades produtivas do grupo em oito estados, além de reestruturar a sede administrativa em São Paulo. Serão ampliados o potencial de produção anual de alimentos industrializados e a capacidade de abate de aves, suínos e bovinos, com crescimento também da produção anual de rações.
Já o empréstimo ao Instituto Sadia de Sustentabilidade será utilizado para instalar biodigestores nas propriedades de 3,2 mil criadores de suínos integrados ao sistema de produção da empresa. As vantagens deste projeto ambiental são múltiplas, porque os biodigestores eliminam a contaminação do solo e dos mananciais hídricos por dejetos dos suínos; geram energia própria para as propriedades, valorizando-as; aproveitam biofertilizantes para uso na agricultura; e abrem a possibilidade de geração e comercialização de créditos de carbono, devido à redução de 75% dos gases emitidos na atmosfera.
Análise - No processo de análise efetuado pelas equipes técnicas do banco, iniciado em 2004, foi constatado que a família do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente do Conselho de Administração do BNDES, Luiz Fernando Furlan, participava do bloco de controle da Sadia, circunstância que impedia o BNDES de conceder financiamento ao grupo, em função do disposto no artigo 34, inciso 5º, da Lei 4.595/64. Com o desligamento da família Furlan do bloco de controle e a celebração de novo acordo de acionistas, encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em maio de 2005, foi retomado o processo de análise e a proposta obteve aprovação.
Ainda em função da Lei 4.595/64, foi incluída no contrato uma cláusula de vencimento antecipado, prevendo a liquidação imediata do total da dívida se algum acionista que participar do bloco de controle da Sadia vier a fazer parte do Conselho de Administração ou da Diretoria do BNDES.