BNDES cria Índice de Desenvolvimento Social próprio
A fim de tornar mais nítidas as diferenças sociais entre as várias regiões e estados brasileiros, a Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES (SAE), criou o Índice de Desenvolvimento Social do BNDES (IDS-BNDES). Seu objetivo é efetuar o acompanhamento, anualmente, das condições de vida da população do país. O novo índice reúne, em um único indicador, com escala entre 0 e 1, três diferentes dimensões do desenvolvimento social: renda, saúde e educação.
O IDS-BNDES é apurado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) o que lhe permite a periodicidade anual. Seus dados estarão sendo disponibilizados desde 1995, para diversos graus de desagregação geográfica: 5 regiões, 26 estados e Distrito Federal, e 9 regiões metropolitanas.
Entre as regiões, o Nordeste merece destaque, não só por ter acelerado seu desenvolvimento social relativamente às outras regiões, mas porque esse desempenho permitiu subir acentuadamente todos os indicadores parciais. Do ponto de vista da desigualdade regional, o IDS-BNDES mostra um dado importante: a redução da distância Nordeste-Sudeste em 17% no período. Contribuíram, para tanto, o aumento da taxa de alfabetização de 57,8% para 69,5% e da média de anos de estudo da população, que passou de 3,9 para 5,7 anos.
As três dimensões do IDS-BNDES são calculadas da seguinte maneira: o IDS-Renda parte da avaliação do rendimento médio mensal domiciliar per capita, a preços de 2005; o IDS-Saúde é composto pela média de três variáveis: a esperança de vida ao nascer, o percentual de domicílios com canalização interna de água, e o percentual de domicílios com rede coletora ou fossa séptica ligada à rede. Já o IDS-Educação é obtido através da média de duas variáveis: taxa de alfabetização e média de anos de estudo da população ocupada.
As grandes novidades do IDS-BNDES são – além da menor periodicidade – na dimensão saúde, a inclusão de um indicador para auferir o percentual de domicílios com canalização interna de água e um para o percentual de cobertura de rede coletora ou fossa séptica ligada à rede. Na dimensão educação, o uso da média dos anos de estudo da população ocupada, junto ao indicador de taxa de alfabetização e, por fim, na metodologia, estabelece critérios de mínimos e máximos qualitativos (não retirados da amostra), a partir dos quais se considera a situação inaceitável do ponto de vista social (atribuindo valor zero) e valores máximos ideais (atribuindo valor um).
Entre os fatores que foram mais significativos para a evolução do IDS-BNDES destacam-se, no caso do IDS-Educação, o aumento tanto da taxa de alfabetização - de 73,1% para 79,9%, quanto do crescimento da média de anos de estudo - de 5,7 para 7,4 anos. No caso do IDS-Saúde, o aumento da esperança de vida - 3,6 anos - e a expansão da cobertura das redes de água – de 80,5% para 90,1% - e de esgoto - de 48,4% para 56,8%. Já no IDS-Renda, o desempenho medíocre do rendimento per capita a preços de 2005, que decresceu de R$ 509 em 1995 para R$ 493 em 1999, e voltou a subir a partir de 2003, atingindo R$ 531 em 2005.
O crescimento do IDS-Educação é um fato relevante, particularmente, por dois motivos. Primeiramente, foi o índice que, em termos absolutos, apresentou a maior contribuição individual para a melhora no IDS global. E também, por ser o indicador de menor base. Foi o que apresentou a maior taxa de crescimento, de 50%, o que fez com que a dispersão entre os “indicadores sociais parciais” do IDS-BNDES se reduzisse substancialmente, passando de 0,21 ponto para 0,13 ponto. Isto significa dizer que o cenário brasileiro recente apresentou, não só uma melhora social expressiva, mas que essa melhora foi acompanhada por um processo de convergência entre os indicadores parciais.
As diferenças entre regiões, estados e áreas metropolitanas, como veremos nas próximas edições do Visão do Desenvolvimento, mostram que a intensificação dos investimentos em sistemas de coleta e tratamento de esgoto constitui uma das trajetórias mais eficazes de aceleração do desenvolvimento social brasileiro. Este resultado vai ao encontro da prioridade atribuída ao saneamento tanto no recém divulgado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) quanto nas políticas do BNDES.
IDS-BNDES: Evolução dos Indicadores
Brasil | IDS Saúde | IDS Educação | IDS Renda | IDS Total |
---|---|---|---|---|
1995 | 0,48 | 0,34 | 0,55 | 0,46 |
1996 | 0,52 | 0,37 | 0,58 | 0,49 |
1997 | 0,52 | 0,37 | 0,57 | 0,49 |
1998 | 0,55 | 0,39 | 0,59 | 0,51 |
1999 | 0,56 | 0,41 | 0,53 | 0,5 |
2001 | 0,59 | 0,45 | 0,55 | 0,53 |
2002 | 0,61 | 0,47 | 0,53 | 0,54 |
2003 | 0,62 | 0,49 | 0,54 | 0,55 |
2004 | 0,63 | 0,49 | 0,54 | 0,55 |
2005 | 0,64 | 0,51 | 0,59 | 0,58 |
Variação absoluta 2005-1995 | 0,16 | 0,17 | 0,03 | 0,12 |
Taxa de variação 2005/1995 (%) | 33% | 52% | 6% | 27% |
Fonte: BNDES/SAE