Artigo: "Cultura, um rico ativo"
Quando investe no patrimônio cultural brasileiro, o BNDES, mais do que apenas preservá-lo, busca promover maior dinamismo econômico
* Artigo de autoria de Claudia Prates e Luciane Gorgulho, publicado no jornal O Globo em 20/11/17
Ao mesmo tempo em que o Iphan comemora seus 80 anos, o BNDES completa, neste 2017, duas décadas de apoio consistente e ininterrupto ao patrimônio cultural brasileiro. O banco de desenvolvimento do Brasil tem sido o maior e mais constante financiador da preservação da memória nacional, tendo destinado, ao longo desses anos, meio bilhão de reais a projetos de restauro, preservação e revitalização de 170 diferentes museus, teatros, bibliotecas, igrejas e fortes.
Somente no Rio de Janeiro, cuja paisagem cultural obteve o pioneiro título de Patrimônio Mundial pela Unesco, foram 33 diferentes monumentos requalificados, num total de R$ 190 milhões investidos. Por seu histórico de apoio, o BNDES foi agraciado, na cerimônia de celebração dos 80 anos do Iphan, no último dia 24, com a Medalha Mario de Andrade, ao lado de outras importantes instituições, como a Fundação Roberto Marinho e a Unesco.
O banco entende que a herança cultural arquitetônica e o patrimônio imaterial que permeiam os cenários das mais diferentes cidades e regiões estão entre nossos mais ricos ativos. Acreditamos que a reintegração desse patrimônio à vida cotidiana, além do reforço da nossa identidade cultural e cidadania, tem o potencial de induzir a um processo de revitalização perene, promovendo o desenvolvimento local, o aumento do turismo cultural e a dinamização das cadeias produtivas e atividades econômicas correlatas, geradoras de emprego e renda.
Os recursos proveem dos mecanismos da Lei Rouanet e de recursos próprios não reembolsáveis do seu Fundo Cultural, formado por parte do lucro da instituição. Completam nosso mix de instrumentos financeiros linhas de financiamento de longo prazo ao setor público (municípios e estados), para ações que resultem em valorização do patrimônio histórico e cultural.
Para efetivar essa diretriz, o banco criou, em 2006, um departamento específico para desenvolver a chamada economia da cultura. De fato, este setor já representa 2,6% do PIB nacional e mais de 800 mil empregos formais.
No campo do patrimônio cultural, essa geração de valor se traduz na contribuição dos profissionais que atuam no setor e na cadeia de fornecedores, que se estende por trás dos equipamentos e manifestações culturais, além dos efeitos indiretos sobre o desenvolvimento local, o turismo, o comércio etc.
A experiência do banco na análise dessa vasta diversidade de projetos na área vem demonstrando que a preservação do patrimônio cultural é um poderoso instrumento para geração de externalidades positivas ao conjunto da sociedade.
Por isso, quando investe no patrimônio cultural brasileiro, o BNDES — mais do que apenas preservá-lo — busca promover maior dinamismo econômico, fazendo desses projetos âncoras para o desenvolvimento do seu entorno e das cadeias produtivas a ele associados, induzindo a um processo de desenvolvimento perene e sustentável.
Nesse particular, também, o BNDES reafirma sua missão de banco de desenvolvimento do Brasil.
*Cláudia Prates é diretora de Indústria e Serviços do BNDES, Luciane Gorgulho é chefe do Departamento de Economia da Cultura