Rio Grande do Sul vende CEEE-D para Equatorial, em processo coordenado pelo BNDES
Troca de controle permitirá retomada da capacidade financeira da companhia e de pagamento de tributos
São esperados investimentos de R$ 1,6 bilhão para os próximos cinco anos, o que beneficiará 1,8 milhão de clientes em 72 municípios
O Grupo Equatorial Energia venceu o leilão de desestatização da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), do Rio Grande do Sul, realizado na manhã desta quarta-feira, dia 31, na B3, em São Paulo. O leilão contou com um interessado habilitado para participação. Após a abertura do envelope com a proposta econômica, foi confirmada a venda da totalidade da participação societária indireta do Estado do Rio Grande do Sul na empresa por R$ 100 mil, mais a incorporação de dívidas e compromissos da companhia.
O trabalho prévio de equacionamento de passivos tributários, previdenciários e financeiros da companhia, da ordem de R$ 6,7 bilhões, permitiu o sucesso da desestatização. A venda do controle da CEEE-D era necessária para evitar a evolução do processo de caducidade do contrato de concessão em andamento na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A troca de controle permitirá agora a retomada da capacidade financeira da companhia, que poderá investir na melhoria da prestação de serviços. São esperados novos investimentos de cerca de R$ 1,6 bilhão para os próximos cinco anos, o que beneficiará cerca de 1,8 milhão de clientes em 72 municípios, incluindo a Região Metropolitana de Porto Alegre.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi contratado pelo governo do Rio Grande do Sul para coordenar o processo de desestatização da empresa, contando com o apoio técnico do Consórcio Minuano Energia — formado por Banco Genial, Thymos Energia e Machado Meyer — e da EY, responsável pela segunda avaliação econômico-financeira independente. A modelagem do processo envolveu a aprovação de aumento de capital pelos acionistas, transferência das obrigações com ex-autárquicos para o Estado e refinanciamento da dívida tributária da companhia. Após a conclusão da venda, a CEEE-D seguirá responsável por dívidas bancárias, obrigações fiscais e previdenciárias superiores a R$ 3,5 bilhões.
“Por tudo isso, essa foi uma operação bem desafiadora, mas que mostra que a parceria entre o Governo Estadual, o Governo Federal, através do BNDES, e o setor privado constrói e melhora o nosso Brasil”, afirmou o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em discurso após o encerramento do leilão. “Mais uma vez, a gente prova que bons projetos no Brasil, bem modelados, bem estruturados, conseguem ser viabilizados ao mercado.”
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ressaltou que “no momento de retomada após a pandemia, o Brasil vai precisar muito desta força, da energia, de uma CEEE-D com capacidade de investimento, de uma CEEE-D com capacidade de atender sua população, para que a gente possa fazer com que toda essa energia vire desenvolvimento, vire emprego, vire renda para nossa população”.
Segundo Augusto Miranda, CEO da Equatorial, a energia elétrica será um insumo muito importante para o crescimento econômico de um Estado como o Rio Grande do Sul. “Nós prometemos trabalhar diuturnamente, fazer os investimentos prudentes e necessários para essa concessão, para melhorar a qualidade. E, com certeza, esses investimentos que faremos, dotando o Estado dessa infraestrutura, em muito ajudará o Rio Grande do Sul a atingir as metas de crescimento estabelecidas pelo governo”, disse o executivo, em participação remota.
A CEEE-D vem acumulando prejuízos sucessivos nos últimos anos, com inadimplências recorrentes de tributos estaduais. Além disso, a companhia não conseguia cumprir os parâmetros regulatórios mínimos relativos à qualidade na prestação dos serviços e de sustentabilidade econômico-financeira, o que implicava risco iminente de caducidade do contrato de concessão. A mudança da gestão para um grupo privado ampliará a capacidade de investimento da empresa, com o consequente atendimento dos parâmetros operacionais e melhores serviços à população.
“No momento atual, torna-se mais importante do que nunca, com o avançar da pandemia e o alto endividamento do setor público brasileiro, ter uma máquina pública eficiente. Ter um Estado leve e desonerado será fundamental para a retomada e para a gente entregar qualidade de vida aos cidadãos brasileiros”, concluiu Montezano.
Sobre o BNDES – Fundado em 1952 e atualmente vinculado ao Ministério da Economia, o BNDES é o principal instrumento do Governo Federal para promover investimentos de longo prazo na economia brasileira. Suas ações têm foco no impacto socioambiental e econômico no Brasil. O Banco oferece condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, além de linhas de investimentos sociais, direcionadas para educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte urbano. Em situações de crise, o Banco atua de forma anticíclica e auxilia na formulação das soluções para a retomada do crescimento da economia.