BNDES patrocina 18 projetos cinematográficos com R$ 10 milhões
· Nova seleção de filmes começará no segundo semestre
· Banco investe R$ 7 milhões no Funcine
A diretoria do BNDES homologou nesta semana a lista dos 18 projetos escolhidos pela “Seleção Pública de Projetos Cinematográficos 2005”. A seleção, iniciada em 31 de agosto de 2005 – com a abertura do prazo de inscrições -, foi concluída no final de dezembro, quando representantes dos 30 projetos finalistas realizaram a defesa oral perante os oito membros da comissão de seleção composta por cinco profissionais do setor audiovisual, dois do BNDES e um do Ministério da Cultura. Os finalistas foram selecionados entre 220 projetos inscritos, dos quais 178 apresentaram a documentação exigida e estavam de acordo com o regulamento, tornando-se habilitados para concorrer aos patrocínios oferecidos pelo Banco. O apoio do BNDES ao cinema nacional totalizou em 2005 R$ 22 milhões, dos quais R$ 10 milhões foram destinados aos 18 projetos de produção selecionados; outros R$ 10 milhões para aplicações em Funcine com foco na distribuição e R$ 2 milhões para projetos de exibição. Em 2004, o apoio do Banco ao setor cinematográfico foi de R$ 15 milhões.
Entre os 18 selecionados, há 14 filmes de ficção, dois filmes de animação e dois documentários. São produções de cineastas reconhecidos no Brasil e no exterior, de diretores que consolidam suas carreiras e de estreantes, todos com projetos estruturados, alguns em co-produções internacionais. Os filmes escolhidos refletem a distribuição regional dos projetos inscritos, sendo que 83% têm origem no eixo Rio-São Paulo e 17% em outros Estados. Esse percentual guarda equilíbrio com a oferta recebida na fase de inscrição, em que 80% dos projetos foram do eixo Rio-São Paulo e 20% de outras regiões.
O novo regulamento criado pelo BNDES para a “Seleção Pública de Projetos Cinematográficos 2005” tornou o processo de seleção mais qualificado, proporcionando 1) que sejam efetivamente finalizados filmes em fase de pós-produção; 2) que filmes em processo de captação completem o percentual necessário para o início das filmagens ou que possam integralizar o orçamento; e 3) para projetos em início de captação, o patrocínio do Banco tem a função de alavancar o financiamento do projeto.
Este foi o primeiro ano em que o BNDES realizou a seleção a partir do trabalho de uma comissão composta por uma maioria de membros externos ao Banco, com o objetivo de tornar o processo ainda mais qualificado e transparente. O BNDES, que apóia o cinema brasileiro desde 1995, contribuiu até 2004 para a realização de 246 filmes, com patrocínios que somam R$ 70 milhões.
Os critérios que guiaram o trabalho da presente seleção foram publicados pelo BNDES em agosto de 2005, quando da divulgação pública do Regulamento para Apoio a Projetos de Produção Cinematográfica no âmbito da Lei do Audiovisual. O documento está disponível desde aquela época no site do Banco na internet, na página destinada a patrocínios culturais. As exigências prévias para a habilitação de um projeto foram a aprovação pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE), o registro definitivo de emissão e distribuição dos correspondentes Certificados de Investimento Audiovisual, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de outras exigências do regulamento.
O processo de seleção dos projetos considerou prioritariamente os seguintes aspectos: justificativa; roteiro; currículo da produtora, do diretor e dos demais profissionais envolvidos na produção do filme; adequação do orçamento; relatório de captação de recursos e a proposta de distribuição comercial e cultural do filme. Após a análise desses critérios, também foram observados aspectos de regionalização dos projetos e de pluralidade cultural, plano de veiculação da marca do BNDES no filme e na sua divulgação e a participação do Banco nas receitas de comercialização assegurada aos investidores.
Os membros da comissão que realizou a “Seleção Pública de Projetos Cinematográficos 2005” foram:
Representantes do setor audiovisual
Adriana Rattes, empresária do ramo de exibição, diretora do Grupo Estação e diretora do Festival do Rio.
Rosemberg Cariry, cineasta realizador dos longas premiados “Corisco e Dadá” e “A Saga do Guerreiro Alumioso”, entre outros filmes.
Emiliano Ribeiro, diretor de “As Meninas” e “Condenado à Liberdade”; assistente de direção de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto, e “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, entre outros; produtor-executivo de “Gatão de Meia Idade”, produzido por Carlos Moleta e dirigido por Antonio Carlos Fontoura.
Aurélio Michilis, membro da Comissão de Análise e Avaliação de Projetos Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Diretor do documentário de longa-metragem “O Cineasta das Selvas”, entre outros documentários.
José Geraldo Couto, crítico especializado na história do cinema brasileiro e mundial, colunista da Folha de S. Paulo.
Representantes do BNDES
Ísis Jurema da Silva Pagy, gerente de Cultura.
Mário Diamante, assessor da presidência do Banco para assuntos culturais.
Representante do Ministério da Cultura
Roberval Duarte, assessor da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.
Nova Seleção e Funcine
Para o segundo semestre deste ano, o BNDES prepara o lançamento da “Seleção Pública de Projetos Cinematográficos 2006”.
Ainda no ano passado, o BNDES realizou seu primeiro investimento na modalidade Funcines (Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional), fazendo um aporte de R$ 7 milhões no fundo administrado pela gestora de investimentos Rio Bravo. Neste ano, poderão ser aplicados R$ 3 milhões em Funcine. Com essa iniciativa, o Banco pretende focalizar o apoio à distribuição de filmes brasileiros, bem como incentivar o uso desse novo instrumento para financiamento da indústria do audiovisual.
Também com recursos de 2005, o BNDES apoiou iniciativas no setor da exibição e da preservação da memória do cinema brasileiro, com patrocínios à instalação da Sala BNDES-Cinemateca de Cinema, em São Paulo, e na restauração do tradicional Cine Olinda, em Pernambuco.
Lista dos 18 filmes patrocinados pelo BNDES na “Seleção Pública de Projetos Cinematográficos 2005”
Ficção:
-“A Festa da Menina Morta” (RJ), de Matheus Nachtergaele. Primeiro filme dirigido pelo ator com atuação reconhecida em teatro, cinema e televisão. Escolhido como o melhor ator por duas vezes consecutivas no Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro. Filme co-roteirizado por Hilton Lacerda, premiado por “Baile Perfumado”, “Amarelo Manga” e “Árido Movie”, representante brasileiro no último Festival de Veneza. Produção de Bananeira Filmes -de Vânia Catani-, empresa responsável por “Narradores de Javé” e “Outras Histórias”.
-“Andar às Vozes” (SP), de Eliane Café. Dirigiu, entre outros filmes, “Narradores de Javé”, ganhador de prêmios como o de melhor filme e direção no Festival de Audiovisual de 2004, do Cine Ceará, e o de melhor filme no Festival de Friburgo/Suíça de 2003; “Kenoma”, ganhador do prêmio de melhor filme e direção no Festival de Gàva, em 1999. A obra será filmada no Estado do Pará. Produção de Politheama Filmes, empresa de Van Fresnot, produtora responsável entre outros por “Castelo Rá-Tim-Bum” e “Ed Morte”.
-“Antônia” (SP), de Tata Amaral. Recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília/96 e Menção Honrosa concedida pela Unesco por “Um Céu de Estrelas”. Melhor direção no Brazilian Film Festival in Miami/2000 e Melhor Filme no Festival de Recife/2000, por “Através da Janela”. O lançamento deverá contar com o apoio da Globo Filmes. Projeto em fase de finalização, com lançamento previsto para o final deste ano. Trata-se de um musical para jovens, abordando o universo do rap. Um filme da produtora Coração da Selva, responsável por “Contra Todos”, distribuído pela Warner.
-“Bope – Tropa de Elite” (RJ), de José Padilha. Dirigiu “Ônibus 174”, documentário indicado ao Oscar 2004 e um dos vencedores do Emmy Award; os documentários “Pantaneiros”; “Pantanal Cowboys” e “Os Carvoeiros”, ganhador, entre outros, do prêmio de Melhor Documentário Latino-Americano de Los Angeles. Com roteiro sob a supervisão de Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus”), será distribuído pela UIP/Universal.
-“Budapeste” (SP), de Walter Carvalho, baseado no romance de Chico Buarque. Filme sob a direção de um dos mais consagrados diretores de fotografia do cinema brasileiro. Fez a direção de fotografia dos filmes “Terra Estrangeira”, “Carandiru”, “Abril Despedaçado” e “Central do Brasil”, entre outros. Co-dirigiu os filmes “Janela da Alma” e “Cazuza – O Tempo Não Pára”. O filme é uma co-produção internacional e a Downtown (ex-Lumière) manifestou interesse em comercializar o filme. Uma produção de Rita Buzar, responsável por “Olga”, candidato brasileiro ao Oscar 2005.
-“Cidade dos Homens” (SP), de Paulo Morelli. O cineasta, sócio com Fernando Meirelles e Andrea Barata da produtora O2, dirigiu os longas “Viva Voz”, “O Preço da Paz”, “Lápide”, e episódios da série “Cidade dos Homens”, para a Rede Globo. Será a versão cinematográfica da minissérie premiada na TV, com lançamento pela Fox Filmes e co-produção da Globo Filmes.
-“Jardim das Folhas Sagradas” (BA), de Paulo Roberto Vieira Ribeiro. Ganhador do prêmio de melhor Filme no V Festival Brasileiro de Curta-Metragem JB/Shell pelo filme “Por Exemplo Caxundé”; do Prêmio Cultura e Revolução do Festival de Havana, Cuba, pelo filme “Anil”; do Troféu Macunaíma de Melhor Média-Metragem no Rio Cine Festival, RJ, pelo filme “A Lenda do Pai Inácio”. A produção do filme reúne a cena cultural de Salvador.
-“Meu Pé de Laranja Lima” (RJ), de Marcos Bernstein. Dirigiu o longa “O Outro Lado da Rua”, distribuído pela Columbia; e roteirizou “O Xangô de Baker Street”, “Terra Estrangeira” e “Central do Brasil”, entre outros. Trata-se da versão cinematográfica do clássico infanto-juvenil de José Mauro de Vasconcelos, numa co-produção com a empresa TF-1 Internacional, que fará a distribuição internacional do filme. A distribuição no Brasil está em negociação.
-“Miguilim” (RJ), de Sandra Kogut. Com o documentário “Passaporte Húngaro”, conquistou entre outros prêmios, o de Melhor Documentário na 33º Semana de Cinema na Hungria, o Grande Prêmio no Festival de Curta-Metragem de Hamburgo e o Prêmio de Júri no Festival de Vídeo de Lisboa. Baseado na obra de Guimarães Rosa, o filme tem contrato de exibição na França pelo canal de televisão Arte. Filme da Ravina Produções, produtora de “Bufo & Spallanzani” e “Um Copo de Cólera”. Empresa de Flávio Tambellini, produtor de “Eu Tu Eles” e co-produtor de “Carandiru” e “Cazuza – O Tempo Não Pára”, além de produtor-delegado de “Orfeu”.
-“O Mistério de Irma Vap” (RJ), de Carla Camurati. Nova produção da diretora que criou “Carlota Joaquina” (1995), um marco na nova fase do cinema nacional. Dirigiu também “La Serva Padrona” e “Copacabana”. O filme está em fase de pós-produção e deverá ser lançado no primeiro semestre deste ano. É co-produzido pela Globo Filmes e terá lançamento nos cinemas pela Downtown. A Europa/MAM deverá fazer a distribuição em home vídeo.
-“O Passado” (SP), de Hector Babenco. Co-produção entre Brasil e Argentina, com distribuição a ser realizada pela Fox Filmes. Obra do diretor que recebeu indicação ao Oscar de melhor diretor, por "O Beijo da Mulher-Aranha" (1984). Dirigiu também “Carandiru” (2003); “Coração Iluminado” (1998), “Brincando Nos Campos do Senhor” (1990); “Ironweed” (1987); “O Beijo da Mulher Aranha” (1984), “Pixote – A Lei do Mais Fraco” (1980): “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” (1977) e “O Rei da Noite” (1975).
-“Saneamento Básico – O Filme” (RS), de Jorge Furtado. Dirigiu os longas “Meu Tio Matou Um Cara”, “O Homem que Copiava”, “Houve Uma Vez Dois Verões” e o curta-metragem “Ilha das Flores”. Com esses filmes obteve os prêmios de melhor direção no 1º Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa; Prêmio APCA (associação Paulista dos Críticos de Arte); melhor filme brasileiro do ano no Festival do Novo Cinema Latino-Americano; melhor curta no Festival de Gramado. Uma co-produção com a Globo Filmes, com lançamento pela Columbia.
-“Tainá 3 – Na Selva da Cidade” (RJ), de Michael Ruman. Segundo longa-metragem de um profissional que já tem mais de 15 prêmios nos principais festivais de cinema do país, como montador e editor de som. Antes, realizou o longa “Os Xeretas” e cinco curtas. Último episódio de uma trilogia de sucesso do cinema infantil brasileiro, o filme será distribuído pela Columbia. Uma produção de Pedro Rovai.
-“União Fraterna” (SP), de Laís Bodanzky. Dirigiu documentários e clips, sendo que seu primeiro longa-metragem, “Bicho de Sete Cabeças”, distribuído pela Columbia, recebeu cerca de 50 prêmios no Brasil e no exterior, como o de melhor filme no Festival de Brasília e no Festival de Cinema da Cultura Latino Americana Biarritz, na França.
Animação
-“Garoto Cósmico” (SP), de Alê Abreu. Dirigiu os curtas de animação “Espantalho” e “Sírius”, e o vídeo-documentário “A Luz da Lona”. Projeto já em execução. É um filme de animação voltado para o público infantil. O patrocínio do BNDES fecha a fase captação de recursos para o projeto. Será produzido pela Alê Abreu Produções, empresa que atua no ramo de filmes publicitários.
-“Brichos” (PR), de Paulo Roberto Munhos. Conquistou o prêmio Contra-Cultura/2003 do Governo do Paraná pelo filme “Pax”; Prêmio Especial do Júri por Criatividade Tecnológica no Festival de Cinema, Vídeo e D-Cine de Curitiba/2001 pelo filme “O Poeta”; Prêmio Concine/1987, pelo filme “Brasileiros”. Também é um filme de animação voltado para o público infantil, já em estágio de produção. O patrocínio do BNDES encerra a fase de captação.
Documentário
-“Grande Otelo – Eta Garoto Bamba” (RJ), de Evaldo Mocarzel. Dirigiu os premiados documentários de longa-metragem “Do Luto à Luta” e “À Margem da Imagem”. Co-produção da Videofilmes, principal produtora de documentários do país, responsável entre outros por “Edifício Máster” e “Paulinho da Viola”.
-“Pixote 20 Anos Depois” (SP), de Felipe Guimarães Briso. Diretor do programa “Mochilão”, da MTV. O documentário está em fase de pós-produção e aborda os bastidores de um dos mais importantes filmes da história do cinema brasileiro, fazendo também uma reflexão sobre o que mudou nas últimas duas décadas em relação às crianças abandonadas.